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Vinícius Freaza

Enem Seriado

Novo caminho aberto
para a universidade

Instituições de ensino superior poderão optar por aderir à nova modalidade, pois o Enem tradicional continuará acontecendo, de modo a coexistir com o novo modelo proposto pelo Inep, segundo Vinicius Freaza  (foto acima), diretor do startup Evolucional.

Um novo caminho foi aberto para que alunos concluintes do Ensino Médio possam ingressar em universidades. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou que o Sistema de Avaliação da Educação Básica já existente precisará ser reformulado para começar a ser aplicado em 2021. Agora, ele será realizado em todas as etapas escolares e terá caráter censitário, para todos os alunos das redes de ensino público e privada. Na etapa do Ensino Médio, o candidato poderá concorrer a vagas no Ensino Superior com as notas obtidas nos três anos do Saeb, e daí vem o nome “Enem Seriado”. O Enem tradicional continuará acontecendo e, pelo menos por enquanto, coexistirá com o novo formato.

As universidades poderão optar por aderir à nova modalidade e reservar uma quantidade específica de vagas para essa categoria. A iniciativa é uma oportunidade de mostrar de forma mais ampla os atributos individuais dos alunos, levando em consideração que uma prova unificada como o Enem tradicional pode não avaliar muitas aptidões adquiridas pelo estudante durante os anos do Ensino Médio.

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou no início do ano, quando a possibilidade foi anunciada, que o Enem seriado é mais do que apenas uma nova forma de ingresso ao ensino superior. As escolas e professores poderão utilizar a avaliação seriada como parte de sua estratégia pedagógica, pois terão condições de analisar a evolução dos seus resultados e planejar intervenções em intervalos de tempo menores. Além disso, os alunos poderão receber devolutivas individuais anuais, para identificarem seu crescimento e também suas lacunas de aprendizagem, entendendo onde precisam melhorar.

Essa lógica vai muito ao encontro da visão sobre o papel da avaliação que desenvolvida pela Evolucional, startup de educação baseada em dados e evidências. Segundo Vinícius Freaza, sócio-diretor do startup, “criamos simulados alinhados às avaliações oficiais do MEC, que permitem às escolas enxergar a situação da aprendizagem dos alunos em intervalos de tempo mais curtos. A partir dos dados e informações que geramos, é possível que as escolas reavaliem e modifiquem suas estratégias pedagógicas gradativamente, em intervalos de tempo relativamente pequenos durante o ano letivo”.

Freaza explica que na educação brasileira em geral, a cultura da avaliação somativa – utilizada com a função apenas de verificação da aprendizagem após determinado período – se sobrepõe à cultura da avaliação diagnóstica, que é aquela utilizada para entendimento de lacunas e construção de planos de ação e estratégias pedagógicas. Em resumo: primeiramente as aulas são dadas, e, depois de determinado tempo, uma avaliação é aplicada. Ocorre que os resultados dessas avaliações, muitas vezes, não são levados em consideração para a construção de ações específicas para garantir o aprendizado daquilo que ainda não foi aprendido, e as notas acabam servindo apenas como rótulo para os alunos.

Em uma escala maior, é exatamente o que acontece quando temos apenas uma avaliação oficial aplicada ao final de um segmento, como é o caso do Enem tradicional. Não há chance ou espaço de tempo para qualquer intervenção que promova o aprendizado com base em lacunas apontadas pelos resultados da avaliação, pois ela ocorreu apenas ao final do processo. A nota é mera aferição do aprendizado do aluno nas áreas avaliadas pelo exame.

Vinícius Freaza explica que, com o Enem seriado, temos a oportunidade de mudar sensivelmente esse panorama. Embora as avaliações sejam aplicadas ao final de cada série e, portanto, no contexto dessa série, elas ainda guardam um caráter somativo, quando olhamos ao longo de todo o Ensino Médio, teremos ao menos mais dois pontos de checagem com avaliações oficiais sobre o processo de aprendizagem dos alunos. Nessa perspectiva, as avaliações aplicadas ao final da 1ª série do Ensino Médio, por exemplo, podem servir como diagnósticos para a 2ª série, e o mesmo vale para o ciclo seguinte. Isso é muito mais do que temos hoje.

Em 2021, primeiro ano de implementação do novo modelo, a prova será destinada apenas a alunos de 1ª série do Ensino Médio e abordará somente questões de língua portuguesa e matemática. Depois, a avaliação será expandida gradativamente para outras áreas do conhecimento e demais séries da educação básica, ampliando também as possibilidades de entrada nas faculdades públicas ou privadas que adotarem o exame em seu processo seletivo. O acesso à universidade ainda é uma questão sensível no País e, além do necessário aumento no número de vagas nas universidades, novas maneiras de abarcar alunos, como o Enem Seriado, poderão contribuir para a democratização do Ensino Superior.