Conversas se intensificam com saída do ex-governador Simão Jatene do PSDB. Cenário aponta três candidaturas ao governo e negociações em escritórios e alcovas envolvendo interlocutores que, antes, sequer se cumprimentavam/Divulgação.
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Quem acompanha de perto a política no Pará vê que o ano se aproxima do fim com muitas mexidas no tabuleiro político que irão, exatamente, dar o tom das eleições de 2022, quando serão eleitos presidente, governador, senador, deputados federais e estaduais. Segue aqui breve análise do cenário político no Pará, sem precisão de acertos, mas com a certeza de que as conversas e negociações estão em curso e a todo vapor nos mais diversos escritórios e alcovas e interlocutores que, antes, sequer se cumprimentavam. 

Jatene bate asas pronto
para encarar nova disputa

O que já era esperado desde o ano passado, quando a bancada do PSDB votou contra a aprovação das suas contas, o ex-governador Simão Jatene bateu em retirada do ninho tucano, partido que ajudou a fundar no Pará há mais de 30 anos. O que ainda prendia o agora ex-tucano ao partido era a esperança de vitória de Eduardo Leite nas prévias para ser candidato a presidente. A saída  é uma sinalização clara das pretensões de Jatene de se candidatar ao governo do Estado, já que a direção do PSDB estadual e toda a bancada dos deputados estaduais estão mais do que nunca atrelados ao governo Helder Barbalho. 

Mora na filosofia: todas
as faces do poder na politica

Aliás, no pronunciamento em que anunciou a saída do partido, o ex-governador mandou recados duros aos que considera traidores. Em um trecho Jatene destaca: “A grave doença que faz com que algumas pessoas, sobretudo políticos, após algum tempo no poder, não consigam viver sem ele havia contaminado membros do partido. “O  poder para fazer” havia sido engolido pelo “poder para ser e o poder para ter”, onde a regra é o vale tudo para se dar bem”.

Movido pelo entusiasmo
como dez anos atrás

Ficou claro o entusiasmo do ex-governador. Claro que há sentimento amargo e natural de quem construiu uma história política no partido por décadas, mas a forma como Jatene parece encarar os próximos passos deixa a sensação de que sabe bem o que quer. E faz lembrar o Jatene velho de guerra, o mesmo que voltou em 2010, quando enfrentou e derrotou a Ana Julia governadora candidata à reeleição. 

Helder Barbalho, controle
sobre tudo e quase todos

Dentro dessa conjectura política, analistas de plantão não se cansam de lembrar que Helder Barbalho não é Ana Júlia. Se em 2010 a governadora petista estava desgastada e em baixa, o governador age de outra forma e tem controle  sobre tudo, inclusive a mídia, sempre muito benevolente. Contra ele, porém, pesam inquéritos da Justiça Federal e ações da Polícia Federal que, independente do que poderá acontecer, deixam marcas que enxovalham a vida de qualquer político. Mesmo se tratando da família Barbalho.

Três frentes na disputa
pelo governo estadual 

As conversas e articulações indicam pelo menos  três frentes nas disputas de cargos nas próximas eleições. A do governador Helder Barbalho, que já vem trabalhando pela reeleição desde que assumiu; a do presidente Bolsonaro, que tem no Pará o senador Zequinha Marinho como provável candidato; e agora o grupo do Jatene, ao lado de Márcio Miranda, Helenilson Pontes, Zenaldo Coutinho Arnaldo Jordy e outros. Não se sabe ainda para vai o ex-senador Flexa Ribeiro. 

Reeleição é mola que
funciona desde sempre

Filho de família tradicional da política paraense, Helder Barbalho assumiu o governo pensando na reeleição. Sua agenda política é muito intensa: conseguiu uma adesão tão confortável na Assembleia legislativa como jamais se viu, tendo a maioria mais do que absoluta. Além disso, reuniu um número considerável de partidos, o que lhe garante um tempo confortável de televisão na campanha e transita com facilidade. Com tudo isso junto e misturado, só falta mesmo combinar com os russos, ou seja, o distinto eleitor.

Nem um vice para chamar
de seu, por enquanto

Se ainda não tem um nome para chamar de seu como vice, o governador Helder Barbalho já sinalizou que o candidato a senador pelo PT será o deputado federal Beto Faro. Naturalmente, essa decisão tem trazido desgaste para a ala do senador Paulo Rocha que, mesmo tendo a simpatia do presidenciável Lula, dificilmente viabilizará sua candidatura. Dizem que, assim, os Barbalhos tiram uma “forra” com o Paulo Rocha, que concorreu ao governo nas últimas eleições, contrariando a vontade da família. 

Pioneiro sonha com o
Senado, mas pode não ter

Correndo por fora aparece o ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro, do PSDB, que, dizem, pode vir ser o plano B da candidatura ao Senado, com apoio do governador. Tem a seu favor a força política da chamada “República de Ananindeua”, à frente o grupo do prefeito Daniel Santos. Mas há, também, quem veja que essa hipótese poderá ser abortada antes do lançamento das candidaturas.

Zequinha é palanque
para O presidente Bolsonaro

Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro quer montar um palanque forte no Pará. E o nome certo é do senador Zequinha Marinho, que já vem se movimentando por todo o Estado, principalmente nas regiões sul e sudeste. Especula-se o nome do ex-senador Mário Couto como candidato ao Senado, o que tornaria a chapa fortalecida no discurso de oposição ao governo, pela forma já conhecida de discurso de Mário Couto.

Natal, Ano Novo e Covid: 
tudo junto e misturado

Bem, o jogo está começando a ser jogado. Daqui para frente, sem intervalo. Até porque, como se diz, o tempo urge. E os encontros de confraternização de Natal e Ano Novo, nesse caso, mesmo com a pandemia, estão liberados e devem acontecer sempre com os cuidados devidos. Afinal, em alguns casos, convenhamos, a política é até bem pior do que a Covid.