As invasões começaram antes da posse do presidente Lula e ganharam força já neste mês, o chamado “Abril Vermelho”, sem manifestação do governo federal. No Pará, proprietários rurais impediram uma investida dessa natureza em Tucuruí, sem conflito, mas, até quando?/Fotos: Divulgação-Arquivo.  

Senadores condenam as ameaças feitas pelo líder dos sem-terra e fazem coro aos deputados federais para que seja instalada a CPI do MST

Nos últimos três meses, as invasões de terras no Brasil já superam o total registrado em 2022. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária apontam que, enquanto que nos doze meses do ano passado foram onze invasões, no primeiro trimestre deste ano foram 16.  Denominado de “Abril Vermelho”, o MST vem ameaçando invadir novas propriedades rurais em todo o País. Um de seus líderes, João Pedro Stedile, gravou vídeo prometendo “mobilizações em todos os estados, sejam marchas, vigílias, ocupações de terras”.

Para investigar as invasões e quem as financia, foram apresentados na Câmara dos Deputados mais de dez pedidos de Comissão Parlamentar de Investigação. A expectativa é que ainda neste mês o presidente da Casa, Arthur Lira instale a CPI do MST.

Líder MST desafia a lei

Apesar de o texto constitucional trazer em seu artigo 5º o direito à segurança e à propriedade, o líder do MST parece desafiar a lei ao fazer incitação ao crime de invasão. Vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária no Senado, o senador Zequinha Marinho tem cobrado uma postura firme do governo federal e do presidente da República para frear “essa escalada de violência no campo, que tem gerado clima de terror e forte insegurança”, comentou o senador que citou o assassinato de um trabalhador rural, no último dia 10 de abril, no município de São Félix do Xingu, sudeste do Pará.

 “O caso de homicídio não está diretamente associado ao crime das invasões, mas acaba sendo estimulado por esse clima de violência e insegurança promovido pelo MST. Estamos vendo surgir um verdadeiro estímulo à violência no campo e o presidente da República se mantém calado. O problema é que, neste caso, o silêncio pode parecer conivência. Não podemos permitir a escalada da violência no campo”, enfatizou o senador Zequinha.

Agro e recessão técnica

Um dos maiores impactados pelas invasões de terras é o setor agropecuário. Com participação de cerca de 30% do PIB brasileiro e com um Valor Bruto da Produção de R$ 1.36 trilhão, o agro teme os riscos das invasões para os investimentos do setor. “O agro é o único setor que ainda funciona neste País. que ainda dá retorno, que faz girar a exportação. Especialistas e economistas têm destacado a importância do agronegócio ao alertar que será ele o responsável em impedir que o Brasil entre em recessão técnica”, comentou o senador. 

Incerteza de investidores

A ex-ministra da Agricultura e atual senadora Tereza Cristina comentou que as invasões no campo têm provocado incertezas aos novos investimentos do setor. Disse também que é um contrassenso o governo ir à China para promover a exportação dos produtos do agro brasileiro sem empregar medidas punitivas, que devolvam a segurança ao campo. “Os produtores rurais estão muito aflitos e apreensivos em relação a essas invasões que estão criando um clima desnecessário no campo brasileiro”.