‘Dono da caneta’, principalmente neste segundo mandato, o governador Helder Barbalho vira porto seguro para o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que deve trocar o Psol pelo PT como forma de participar do polpudo orçamento estadual e dos benefícios previstos pelo ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, a quem faz juras/Fotos: Divulgação.  

Peça de significância relativa no ‘puxadinho envergonhado’ do PT, o Psol, ou prego com direito à tábua – de salvação – no grupo político da família Barbalho. Eis as alternativas do ex-radical, ruidoso e raivoso socialista Edmilson Rodrigues, cujo futuro afunda junto com a cidade de Belém.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

Com a filiação do deputado federal Marcelo Freixo, em fim de mandato, ao PT, crescem os rumores da filiação do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, ao partido do presidente Lula. Freixo foi colega de partido e de bancada de Edmilson na Câmara Federal por dois mandatos.

O Psol, Partido Socialismo e Liberdade foi fundado por ex-militantes e parlamentares do PT no auge das denúncias do chamado “mensalão” – esquema de mesada paga despudoradamente a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do primeiro governo Lula, mecanismo de corrupção que explodiu como escândalo nacional. No entanto, embora tenha surgido como alternativa ao PT, o Psol jamais deixou de funcionar como uma espécie de puxadinho envergonhado e ruidoso do partido de Lula e Dilma.

Nascido com um discurso também radical no processo de redemocratização do País, o PT logo aderiu à chamada “esquerda rosa”, adotando uma prática abertamente pró-mercado, garantindo vitórias eleitorais sem espantar os investidores e empresários, abandonando, assim, para sempre, a grita radical, ruidosa e raivosa.

Camisa de força

Edmilson foi um dos fundadores do Psol, mas, recentemente, se viu refém de uma decisão partidária que proíbe que membros da legenda integrem formalmente o terceiro governo Lula, ou que seus dirigentes e mandatos estejam associados ao novo governo.

Impedido de ocupar postos no governo federal na legenda em que está e enfrentando índices de popularidade baixíssimos, Ed50 enxerga o retorno ao PT como salvo conduto para uma aliança mais estreita com o governador do Pará, cujas relações com Lula são públicas e notórias. A imagem recente do prefeito de Belém em seu gabinete trocando juras com o ministro das Cidades, Jader Filho, mostra que o caminho do “socialismo” não está mais no horizonte do alcaide, antes um radical opositor do barbalhismo e das práticas que foram perpetuadas pela família do ministro. A ida do ex-socialista para o PT é vista como senha para a integração total da corrente de Edmilson ao clã do senador Jader.

Aposta na salvação

As tratativas de Ed50 para mudança de partido, portanto, têm por objetivo estreitar as relações com o governo federal, em uma aposta final visando salvar a decadente e combalida administração da capital paraense. As conversas bilaterais têm sido feitas pelos irmãos Aldenor Júnior e Luiz Araújo, secretários municipais, diretamente com Gleise Hoffman, sem a intermediação de Beto (da Fetagri) Faro, eleito senador mas que responde, em segredo de Justiça, a uma ação que pode levar à cassação de seu mandato.

Edmilson faz parte da chamada Primavera Socialista, uma das 13 tendências internas de seu partido. Tendências são agrupamentos autônomos, que se organizam como minipartidos dentro de uma legenda para disputar posições, cargos, mandatos e lugar de mando. Localmente, a principal rival interna da Primavera de Edmilson é a Liga Socialista, da presidente municipal do Sintepp.

De corpo e alma

O cipoal de tendências e posições divergentes impede Edmilson de fazer o que precisa para tentar seu quarto mandato no posto de António Lemos: se entregar de corpo e alma a Helder Barbalho, garantindo o aval necessário para acessar polpudas verbas federais e ampliar sua generosa participação no orçamento do Estado.

Tudo em casa

Especula-se que a conclusão positiva dessa negociação é a única forma de Edmilson e dos dois irmãos voltarem a ocupar ou indicar cargos de prestígio no governo federal para assim facilitar a remessa de recursos da União. Vale lembrar que Luiz Araújo na primeira gestão lulista foi presidente do INEP (ligado ao MEC) e Aldenor Júnior participou ativamente da Administração da Companhias Docas do Pará, ocasião em que chegou a ser preso em operação da Polícia Federal, juntamente com o ex-senador Ademir Andrade, pai de Cássio Andrade, que hoje domina de cima abaixo três secretarias na prefeitura de Belém. Vai ficar tudo em casa.

Papo Reto

Divulgação
  • O comentário entre advogados é de que o calendário anual virou e nada de o presidente da OAB, Eduardo Imbiriba (foto) publicar o edital de habilitação à cobiçada vaga do Quinto Constitucional do Tribunal de Justiça, da qual o último ocupante foi o desembargador Milton Nobre.
  • O que se diz é que Imbiriba estaria entre a cruz e a caldeirinha; e está – entre o advogado Diogo Conduru, por quem o presidente teria preferência, e o nome que sairá do Palácio do Governo.
  • Dizem que o governador Helder Barbalho apostava no advogado Alex Centeno e, agora, em Carlos Khayath. Nenhum é do agrado da Ordem; muito pelo contrário – e aí é que a porca torce o rabo.
  • O lago da Embrapa, na Estrada da Ceasa, está morrendo. Ele foi tomado por aguapés, ou mururés, que estão sufocando e matando os peixes.
  • Nada que uma simples limpeza para a retirada dessas plantas aquáticas não resolva salvando, além do lago, seus frequentadores.
  • O Judiciário paraense volta ao batente amanhã, segunda-feira, com o final do recesso forense.
  • Na prática, é a volta do atendimento normal à população, com o andamento das ações, mas os prazos estão suspenses até o final do recesso regimental, que são as férias dos advogados.
  •  Com isso, tudo volta a andar 100% somente a partir do dia 21.
  • Notícias de Brasília dão conta de que Lula o bom coração está desagradando até aliados políticos. O motivo é simples.
  • O presidente estaria acolhendo indicação de técnicos que serviram a Bolsonaro na máquina pública federal. Diz-se até que ex-diretores estão sendo promovidos a secretários.
  • Médias e pequenas empresas que operam internet na periferia de Belém foram obrigadas a descaracterizar seus veículos e desuniformizar funcionários de campo, por necessidade de não atrair a fúria de uma certa organização criminosa que vêm impondo o terror a quem não concorda com pagamento de “pedágio” para seguir trabalhando.
  • Bem verdade que os exageros de números verbalizados pelo presidente Lula em seu discurso de posse não geraram uma grama de críticas na chamada grande imprensa, mas explodiram nas redes sociais.
  • Disse o presidente que as gestões petistas geraram 20 milhões de empregos com carteira assinada? Mentira. O Ministério do Trabalho afirma que foram menos de 15 milhões.