A Câmara de Vereadores de Bragança, mascarada e dominada, e o prefeito Raimundo Oliveira, o Raimundão dominador: população, imprensa e até São Bendito sofrem com o estado de penúria do funcionalismo público – sem salários e sem respostas/Fotos: Divulgação.

Por Olavo Dutra e colaboradores | Com Tribuna do Salgado

Áudios que circulam na região cobram, acusam e atacam administração local, onde professores da rede pública de ensino continuam sem abono salarial, não bastasse o atraso de pagamento dos salários de dezembro.

A Prefeitura de Bragança, administrada pelo polêmico prefeito Raimundo Oliveira, e o Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, de propriedade da Igreja Católica, administrado pela Congregação das Irmãs Doroteias – leia-se irmã Estelina Oliveira -, são os maiores empregadores do município, mas não pagam funcionários nem sob as bênçãos de três bispos. Pelo jeito, o modelo de gestão do hospital está sendo aplicado pela prefeitura, tida como uma das 20 ‘mais ricas’ entre os 144 municípios do Pará – e não dá certo. Detalhe: o Sintepp de Bragança, para desgraça da classe, aguarda para ver no que vai dar.

As redes sociais, as emissoras de rádio, a mídia impressa, empresários do comércio, a rede bancária e o povo, nas ruas, feiras e mercados não cabem de tanta insatisfação. “Famílias inteiras afirmam que ficaram sem dinheiro no Natal e no Ano Novo”, diz a ‘Tribuna do Salgado’. “O município prometeu pagar os servidores segunda-feira, dia 2, após as festas de final de ano”, esbravejam radialistas. O povo está argolado.

Dinheiro é o que não falta

O prefeito Raimundão, que em meados do ano passado recebeu bondades do governo Helder Barbalho suficientes para atravessar uma ponte sem precisar nadar, desafogar sua empresa de construção e ainda despejar dinheiro em penca para eleger o filho deputado estadual, virou um rebelde sem causa – e apronta, lambuza e compromete a imagem do ‘chefe’ junto ao eleitorado, ao mesmo tempo em que, além de virar as costas para a campanha de Lula, contrariando a orientação do governador, não elegeu o rebento, amargando o desprazer de ver deputado eleito um adversário figadal – outro Oliveira, irmão do ex-prefeito Edson Oliveira.

Cesteiro que faz um…

Raimundão é uma figura, danosa à administração pública, bem verdade – e Helder sabe disso -, mas que é uma figura, é. Na reunião com o governador, em um hotel de Belém, para ‘ajustar ponteiros’ com vistas a eleger Lula para o terceiro mandato, o prefeito de Bragança jurou de pés juntos, à moda moderna: “Tamo junto”. Helder agradeceu, recebeu abraço de urso e Raimundão partiu. Partiu Buenos Aires, Argentina, pousando estrategicamente em São Paulo supostamente para ‘fazer exames médicos de rotina’ – e Bragança votou contra Lula.    

Calote e boas festas

Voltando à real, servidores públicos de Bragança estão ‘urrando’, como se diz por lá. A prefeitura prometeu antecipar o salário de dezembro ao dia 24. A segunda parcela do 13º salário deveria ter sido paga no dia 20 de dezembro, como determina a lei, mas o dinheiro ‘não caiu na conta’ dos barnabés, muitos deles vinculados ao Sindicato dos Professores, o Sintepp, para quem os recursos do Fundeb foram usados para pagamento de fornecedores da prefeitura sob a gestão de Raimundão.

Em tempo: o prefeito Raimundo Oliveira já voltou ao comando do município que, durante sua vacance, ficou a cargo do secretário de Educação e vice-prefeito, Mário Júnior, pupilo de Irmã Estelina Oliveira no Hospital de Bragança, onde já atuou e saiu sem deixar saudade.