Pressão da violência sobre ambiente escolar impacta ações do secretário Rossieli Soares e compromete plano de melhorar índices do Pará no Ideb, mesmo com a presença da Polícia de gabinete.
Um dos colégios particulares mais antigos de Belém, o 15 de Agosto, localizado à travessa Humaitá, no bairro do Marco, estuda suspender as aulas por conta de uma nova ameaça de ataque a estudantes. O anúncio foi feito por um perfil criado na rede TikTok com o nome “@massacre15deagosto”. Horas depois de viralizar entre os alunos e o corpo diretor da escola, a conta foi apagada.
No texto, o relator da ameaça diz que no próximo dia 10, quando terão início as provas de primeira avaliação da instituição, vários alunos serão mortos a golpes de faca. Rapidamente, pais e parentes de alunos procuraram a direção da escola, que registrou o Boletim de Ocorrência 00616/2023-100067-8 para solicitar ajuda da Polícia Civil sobre o caso.
O fato foi registrado na Divisão de Combate a Crimes contra Grupos Vulneráveis Praticados por Meios Cibernéticos (DCCV), da Polícia Civil, cuja titular é a delegada Lua Figueiredo Vieira. Com medo da ameaça, a quase totalidade dos pais já avisou à direção da escola que os alunos não irão às aulas a partir de hoje, 5, e não o farão até que a Polícia Civil dê um retorno sobre o assunto.
Sinuca de bico
A verdade é que o titular da Secretaria de Educação, Rossieli Soares, que já foi ministro da pasta no governo Temer, encontra-se em uma sinuca de bico. Veio com a missão de melhorar os índices do Estado no Ideb e, como referência, traz no currículo o conhecimento adquirido sobre a Amazônia e suas peculiaridades por conta de sua passagem pela Secretaria de Educação do Amazonas.
Agora, porém, diante de casos em que educação é o que menos importa para gerenciar uma crise que é, de fato, policial, Rossieli se vê obrigado a recorrer à Secretaria de Segurança Pública e cobra agilidade na solução do problema porque, a exemplo da Escola 15 de Agosto, sem aluno em sala de aula, fica difícil aplicar o plano que traria melhoria no Ideb ou em qualquer outro quesito na educação pública paraense.
“Escola Segura”
No início deste mês, o secretário Rossieli Soares anunciou a criação do Programa “Escola Segura”, gabinete especializado para o desenvolvimento de ações voltadas ao trato da convivência e segurança nas escolas. Desenvolvido em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, a ideia não caiu no agrado dos professores por introduzir a instituição Polícia no ambiente escolar.
A programa prevê a reestruturação e ampliação da ronda escolar; locação de agentes de segurança pública nos órgãos de gestão da Seduc e nas unidades escolares; estabelecimento de normas; revisão de protocolos de segurança e atuação entre família, segurança pública, órgãos do sistema protetivo e educação.