Começa a segunda onda
de aquisições de fazendas
de gado em Paragominas

Belém, sábado, 10 e domingo, 11 de abril de 2021

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Um grande grupo político do Pará corre a passos largos para se tornar um dos grandes grupos econômicos do País. O alvo são fazendas na região de Paragominas, inclusive sem documentos e em área federal. As terras são preferencialmente arrendadas por dez anos, pagas em dinheiro vivo e sem recibo. Os negócios também envolvem veículos, um deles o esportivo Ford Mustang que repousa na garagem de um prédio da cidade (foto). O veículo, avaliado em mais de R$ 300 mil, tem sido visto circulando em Paragominas.

Deu na cara

Essa é a segunda onda de aquisições de fazendas na região onde, vez por outra – como nesta semana -, um helicóptero sobrevoa propriedades recém-adquiridas ou alvo de negócios. Ano passado, as aquisições foram em menor número, mas cresceram exponencialmente neste ano, chamando a atenção. A preferência inclui fazendas com áreas plantadas de capim, onde centenas de cabeças de gabo são colocadas para engorda.  Somente na região de Ipixuna foram negociadas duas grandes propriedades ultimamente.

Pata do boi

O boi é o mais novo e promissor negócio do grupo. Tanto que a compra de gado tem crescido na mesma proporção dos arrendamentos. Uma dessas fazendas foi adquirida semana passada ao preço de R$ 50 mil, pagamento cash, mas os investimentos vão além: incluem a contratação de consultor agropecuário de luxo para implementar tecnologias e garantir  que milhares de cabeças de gado mantenham os negócios em alta.

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Terra fácil

Relatório do Imazon aponta que as leis e práticas de regularização fundiária do governo do Pará permitem a privatização de áreas formadas majoritariamente por florestas públicas, além de autorizarem a titulação de terras desmatadas recentemente de forma ilegal (foto). Segundo o estudo, também há brecha na legislação para privatizar terras públicas ocupadas a qualquer tempo, inclusive futuramente, sem a necessidade de uso produtivo da área, o que pode abrir espaço para titulação de áreas ocupadas para fins especulativos.

Quem foi?

Alguém meteu os pés pelas mãos nessa lambança do Serviço de Inteligência da Segup do Pará na tentativa de intimidar o Procurador-Geral de Justiça, Gilberto Martins. Primeiro que a Segup não tem competência para tal; segundo, que o agente federal Cleômenes de Alencar Ribeiro, cedido à Secretaria como araponga foi tão amador que fica no chinelo de qualquer detetive particular – com todo o respeito. Mas, enfim, quem autorizou a espionagem: o secretário de Segurança, o chefe de Polícia ou a ordem veio de cima?

Mais embaixo

A verdade é que a Segup subestimou a Inteligência do MP. Além de ter cometido uma grande trapalhada, a Secretaria esqueceu que o MP possui duas unidades de Inteligência – o GSI e o Gaeco -, que fizeram o trabalho de contra inteligência e descobriram a trapaça. Quanto ao policial federal cedido ao Estado, Cleômenes Ribeiro, coitado, tropeçou nas próprias pernas ao dar uma “carteirada” no porteiro do prédio que vigiava. Como diria – mas não disse – Bond, James Bond, “carteirada” e Inteligência são incompatíveis.

Clima azedou

O clima azedou na Secretaria de Segurança Pública. O secretário Adjunto de Gestão Administrativa, coronel Guimarães, trocou de mal a morte com o seu diretor Administrativo, tenente-coronel Carneiro. Nem tchum um para o outro, o torna pior a situação dos comandados: quando recebem ordem de um, logo em seguida recebem contraordem do outro. Justo dizer, portanto, que, sem disciplina e sem hierarquias, o pessoal está atarantado da silva…

Cai a máscara

Nova denúncia apresentada ontem à Justiça pelo MP aponta crimes que estariam sendo cometidos na área da saúde por uma organização criminosa que atua na Secretaria de Saúde do Estado e envolvem processos licitatórios e contratos que apresentam indícios de superfaturamento e montagem, com graves prejuízos ao Erário. Os acusados são os mesmos: Alberto Beltrame, Peter Cassol de Oliveira, Cíntia de Santana Andrade Teixeira, sócio administrador da empresa Levon Engenharia.

Balcão de negócios

Segundo o MP, “instalou-se na Sespa um verdadeiro balcão de negócios para viabilizar a busca por lucros ilícitos, que denota característica típica e inconteste de organizações criminosas nas entranhas do poder público”. A Levon foi habilitada pela Sespa para comprar de EPIs fora dos padrões de segurança médica, colocando em risco a vida e a saúde dos profissionais que enfrentam a pandemia, mesmo estando fora da lista das empresas convidadas a participar do certame.

Mau aluno

Dr. Daniel, prefeito de Ananindeua, deve ter faltado à aula “Gestão pública em tempos de pandemia”. Só pode. A prefeitura fechou contrato de R$ 26 para construção de 50 equipamentos móveis que reúnem, em uma só unidade, livros, estação de informática, mapoteca, tablets voltados para o apoio didático, à pesquisa e ao incentivo à leitura, as chamadas girotecas. Tudo bem que o dinheiro é do MEC – a prefeitura não tem fôlego para tanto -, mas o investimento, em tempos de pandemia, vai do nada para lugar nenhum.

Ponto sem nó

O imbróglio que envolve membros do alto escalão da Seap em supostos contatos com o Comando Vermelho, passando por denúncias da Comissão de Direitos Humanos da OAB, tem conteúdo de mérito que merece ser apurado, mas, todo o cuidado é pouco. Nas preliminares, como se diz no juridiquês, salta aos olhos a pré-disposição beligerante do presidente Alberto Campos contra o secretário Jarbas Vasconcelos, seu antigo mentor – muito mais quando se aproximam as eleições na Veneranda.

Novos ricos

A  ostentação acintosa de sinais de riqueza é  uma das consequências do crime organizado no sudeste do Pará. Policiais militares viraram prósperos fazendeiros; hackers trabalham sob a proteção das polícias civil e militar é lavam dinheiro no comércio. A pistolagem corre solta e assedia antigos proprietários rurais, a mando de grileiros e invasores.

  • Há certo desconforto – para não usar a palavra “medo” – entre promotores do Ministério Público do Pará diante das atuais circunstâncias, publicamente reconhecidas.
  • Mesmo promotores que votaram contra o PGJ na eleição que escolheu Cezar Mattar como sucessor admitem que Gilberto Martins “segurava as pontas”, mas o cenário será outro a partir do dia 12, quando ele deixa o cargo.
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  • O araponga Cleômenes de Alencar Ribeiro (foto) possui vínculo ativo no Departamento de Polícia Federal e encontra-se cedido ao governo do Pará, onde ocupa cargo em comissão de Assessor III (Assessor Policial).
  • O agente da “carteirada” está lotado na Segup, conforme Portaria n° 3.509/2019, de 8 de maio de 2019, publicada no Diário Oficial n° 33880, de 24 de maio de 2019.
  • Azulinos e bicolores curtem, à distância, o sucesso de seus ex-atacantes Rony e Bergson, o primeiro brilhando no Palmeiras e a caminho do Ajax da Holanda; o segundo tendo virado ídolo na Malásia.
  • Os sessentões de Belém andam desolados com a falta da vacina para receberem a segunda dose,  marcada para o último dia 5  e ainda sem data para aplicação.
  • O problema não é dos Estados, mas do governo federal, que bobeou na aquisição do produto – se bem que a população não quer nem saber; quer é se vacinar.
  • A prefeita de Ponta de Pedras, Consuelo Castro, arrumou briga com a única embarcação  autorizada a transportar pacientes em tratamento  para Belém: o comandante  da embarcação não aceita transportar acompanhante de doente.
  • Alega que cumpre ordens, mas a Arcon, acionada pela prefeitura, refuta esse argumento. Se a prefeita não bate o pé ia ficar tudo como dantes…
  • De que adianta o Brasil deter a expertise de vacinação em massa – média de 2 milhões de habitantes por dia – se a produção nacional não chega à metade disso.
  • Aliás, começa nesta segunda a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe H1N1 em Belém. A ação vai coincidir com o programa de imunização contra a Covid-19.
  • Vistosa placa afixada em frente ao Palacete Faciola, à avenida Nazaré, anuncia uma tal “intervenção restaurativa” do imóvel, seja lá o que isso significa.
  • Para lembrar: em um dos seus governos, Hélio Gueiros saiu-se com “revitalização cromática” para se referir à restauração de prédios públicos.
  • Nos dois casos, o Conselho Regional de Arquitetura segue “voando”, sem entender bulhufas. Nenhuma dessas expressões aparece nos portfólios oficiais da entidade.
  • Paragominas entrou no bandeiramento vermelho e adotou toque de recolher, mas a agência do Banpará na cidade deve lotar hoje para pagamento de auxílio do governo.