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Espécie asiática ameaça camarão
regional em parte do litoral paraense

Pescadores paraenses vêm relatando e registrando a ocorrência de camarão tigre – o gigante da Malásia, tempos atrás trazido para cultivo em cativeiro – ao longo de boa parte do litoral. De Vizeu à Vigia, a espécie exótica oriunda da Ásia – carnívora e segunda mais produzida no mundo – passou a dizimar as reservas de camarão regional, afetando diretamente o consumo e a geração de renda dos ribeirinhos, sem nenhuma ação de controle.

Enquanto o Pará bate cabeça com as espécies nativas como o tambaqui, que carrega seríssimos problemas sanitários envolvendo, inclusive, a perigosa salmonela e, mais recentemente, a Doença da Urina Preta, fecha os olhos para questões estratégicas, como a necessidade de implementar, de forma profissional, cultivos comprovadamente geradores de emprego e renda, como é o caso da tilápia, uma espécie que, sendo onívora, não representa riscos a outras espécies e, cultivada em cativeiro com todo rigor sanitário, passou a ser o carro-chefe da piscicultura mundial, já que representa 56% de todo consumo de peixe no planeta.

Portanto, duas espécies supervalorizadas em nível global, a tilápia e o camarão tigre, estão deixando de virar oportunidade para grandes negócios no Pará, enquanto a Secretaria de Pesca do Estado segue batendo na tecla de produzir “artesanalmente”, em suas estações de piscicultura, alevinos de tambaqui sob duvidosa qualidade sanitária. 

A tilápia já está estabelecida nas bacias hidrográficas do Araguaia, Tocantins e Amazonas, conforme portaria do Ibama, sem restrição ao cultivo.

Aliás, a julgar pelo entra e sai no comando da Secretaria de Pesca, que já contabiliza quatro substituições, o setor de aquicultura do Estado parece não existir nem mesmo para ex-ministro da Pesca e atual governador do Pará, Helder Barbalho. Em se tratando de peixe, o setor  continua sendo tratado por todos como algo santo, feito por anjos, isento de qualquer problema.

Infelizmente, raros têm a coragem de informar que o peixe precisa ter origem em uma indústria com serviço de inspeção, conforme exige o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, lei federal de 1952 já totalmente implantada para outras proteínas de origem animal, mas ignorada, inexplicavelmente, quando o assunto é peixe.