Em vigor desde julho deste ano, o decreto exige a apresentação da declaração de bens tanto de quem entra, quanto de que sai da máquina pública do Estado, e alcança até familiares de agente público falecido/Divulgação.

Seria cômico, mas é muito engraçado – apesar de aparentemente conter mensagem sub-reptícia de difícil interpretação -, o decreto do governador Helder Barbalho, em vigor desde julho deste ano, estabelecendo a obrigatoriedade da apresentação de declaração de bens de servidores públicos do Estado. Depois de três operações da Polícia Federal, prisão de auxiliares, denúncias de irregularidades na compra de equipamentos para a Segup, aquisições e contratos sob suspeita em diversas secretarias e a denunciada participação de lobistas e operadores na máquina pública, a exigência parece pilhéria para a raia miúda, aquela que trabalha pelo pão nosso de cada dia e não vai além das compras do mês, com muito sacrifício.

Verdade universal: a corda
só quebra do lado mais frágil

O decreto exige dos servidores públicos do Pará o que, provavelmente, alguns auxiliares do governo não terão dificuldades de mostrar: a verdadeira evolução patrimonial – uma vez que, todo mundo está careca de saber, muitos políticos têm “laranjas” e “tangerinas” na posse e com propriedades de fachada. Então, convenhamos, deve ser um verdadeiro inferno a vida de político que se utiliza dessa artimanha para ludibriar o Tesouro Nacional: bens em mãos de “laranjas” que também têm seus próprios “laranjas”, isto é, os “laranjas de laranjas”.

Opção pelo poder, ou,  
como viver perigosamente

Não é novidade, portanto, que quem segue por esse caminho deve viver à base Lexotan para poder “administrar” bens em poder de terceiros, o que, aliás, exige requisitos de lealdade extrema, os quais, muitas vezes, sucumbem com a figura da delação premiada, quando presos e pressionados por amigos e familiares.  Entretanto, há os que já se acostumaram a viver perigosamente no meio político a um alto preço emocional. Para esses, o que importa é o poder.