Pedido de impeachment de
ministro trava pauta econômica
e antecipa calendário eleitoral

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Ao encaminhar o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes (foto), ao Senado, semana passada, o presidente Jair Bolsonaro caiu em um movimento pré-concebido pelo próprio ministro e por políticos e partidos que organizam para 2022 a chamada terceira via, segundo asseguram fontes ouvidas pelo Scoop by Mover, dificultando o andamento das reformas no Congresso Nacional.

A estratégia deu certo e deve antecipar ainda mais o calendário eleitoral, bloqueando, assim, o avanço da pauta econômica, e fechando a janela de governabilidade prematuramente. A terceira via é vista como uma alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

As fontes, que pediram anonimato para falar livremente sobre o assunto, ainda disseram que Jair Bolsonaro tem apostado todas as suas fichas nos protestos do Dia da Independência, em 7 de setembro, para tentar se manter no segundo turno da sucessão presidencial o jogo.

Enquanto isso, auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmam que o “Posto Ipiranga” vê extrema dificuldade para a aprovação de reformas. Afinal, a desestruturação causada pela Câmara em textos enviados pelo Ministério mudou a forma como o ministro as vê.

A Reforma do Imposto de Renda é um exemplo claro. Paulo Guedes expôs o que falava a portas fechadas. O texto ficou ruim e, de acordo com analistas, pode prejudicar a retomada econômica. Por outro lado, a privatização dos Correios pode avançar no Senado, sugerindo a narrativa de que a Casa comandada por Rodrigo Pacheco também é reformista.

Assim, a pauta anteriormente encampada por Paulo Guedes pode até progredir parcialmente até o final do ano. Contudo, isso terá que ser por iniciativa do próprio Congresso, que precisará encontrar tempo na agenda dos parlamentares que já começam a trabalhar nos preparativos das campanhas do ano que vem.

O que deve caminhar a partir de agora dentro da sintonia entre a equipe econômica e a base aliada no Legislativo é a agenda social, com o Auxílio Brasil, e a resolução do problema dos Precatórios, que devem ficar fora do Teto de Gastos, regra já excepcionalizada desde o início da pandemia, e pesando na sustentação fiscal.

No entanto, é preciso ficar atento às articulações de figuras como Arthur Lira, presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco em torno nas negociações de matérias de interesse do investidor, bem como ao fato de que o Centrão, que foi fiador das pautas até aqui, não deve assistir ao bloqueio das reformas sem reagir. Afinal, existe uma concorrência colocada no campo da centro-direita para as eleições de 2022, justamente entre legendas que aderiram ao Planalto e as que se articulam como alternativa.