Impasse sobre pagamento de benefício social mínimo sem furar o Teto de Gastos tem movimentado o Congresso e o governo sem resultados práticos/Foto Divulgação.

Governo precisa de R$ 33 bilhões para fechar as contas do Auxílio Temporário. Por isso, também não é um exagero afirmar que predominou a visão de que regras fiscais devem se ajustar à realidade pós-pandemia.

O presidente Jair Bolsonaro demonstra que ainda não tem claro qual caminho econômico percorrerá para tentar se reeleger, entre o mais próximo ou o mais distante da austeridade fiscal, o que recoloca a sustentabilidade da dívida pública como o principal desafio do governo também em 2022, quando ele disputará a eleição presidencial. O maior exemplo do impasse atual são as dificuldades em garantir um benefício social mínimo de R$ 400 sem furar o Teto de Gastos até lá, e sem saber a origem dos recursos necessários.

Se um contexto de atrasos e falhas na vacinação contra a Covid-19 parece ter ficado para trás, Bolsonaro segue pressionado por temas como emprego e renda, apesar de ter firmado uma aliança com legendas do centro. Suporte, aliás, que não lhe faltou, pelo menos na Câmara, desde março. Se faltou apoio no Senado, isso em boa parte se deve a iniciativas polêmicas por parte do presidente e acordos mal cumpridos.

No entanto, em um longo ano de negociações entre governo e Congresso em torno da pauta econômica, o mercado acabou concedendo o benefício da dúvida, mesmo na ausência de um ajuste fiscal rigoroso em 2021, levando em conta os efeitos da crise, que demandou mais gastos públicos.

Em contrapartida, o investidor agora analisa o grau de precificação do rompimento do Teto de Gastos. Segundo apurou o Scoop, o governo precisa de R$ 33 bilhões para fechar as contas do Auxílio Temporário. Por isso, também não é um exagero afirmar que predominou a visão de que regras fiscais devem se ajustar à realidade pós-pandemia.

Uma impressão possível ainda é a de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é visto hoje por articuladores e líderes governistas mais como um entrave do que como uma solução às novas prioridades do Palácio do Planalto. Além disso, fica claro que a equipe econômica tem sido reduzida à revisora de ensaios por mais gastos públicos – o que não deixa de ser um papel importante para compensar pressões eleitorais e socioeconômicas.