Por Olavo Dutra | Colaboradores
Na Idade Média, eles eram coletores de impostos; no atual governo do Estado, são secretários, adjuntos, dirigentes de autarquias, diretores e assessores em uma cadeia que envolve pais, filhos, parentes e aderentes a perder de vista. O cento é que nunca, jamais, em tempo algum a máquina administrativa do Estado foi tão enxertada de auditores fiscais quanto no governo Helder Barbalho. E, com todo o respeito, se tem jabuti na árvore, alguém o colocou lá, só não se sabe a razão.
Não há dúvida de que servidores públicos sempre tiveram papel de relevância na política paraense, mas nenhuma categoria conseguiu tamanha força e espaço no cenário político como a dos auditores, mesmo não sendo a maior categoria no quesito quantitativo. Outro grupo profissional que chama a atenção no governo são os policiais federais – escalados na Segurança Pública, na Saúde e na Casa Civil.
Referência nacional
Ao longo dos anos e de sucessivas gestões, os auditores vêm se fortalecendo como categoria, ganhando musculatura, inclusive política, graças ao poder financeiro que sempre tiveram. O grau de articulação e conquistas colocou o Fisco paraense em primeiro lugar entre os congêneres no País. Hoje, o Pará “puxa” os demais, mais isso tem explicação: é do Pará o projeto criado e aprovado da Lei Orgânica da Administração Tributária em vigor no Brasil. Também não por acaso, a presidência da Federação Nacional do Fisco, a Fenafisco, está há dois mandatos consecutivos sob a batuta de um auditor fiscal paraense.
Poder de fogo real
No cenário político, o Fisco elegeu representantes na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, com os mandatos de Alcides Corrêa, Iran Lima e Simone Morgado; Deusdeth Pantoja, Simone Morgado e Celso Sabino, respectivamente – sem falar nos seus prepostos – esposas, filhos, filhas e irmãos.
Lugar cativo no governo
Na gestão Helder Barbalho, sabe-se lá o motivo, os auditores deixaram de concentrar suas forças na Receita Estadual e avançaram sobre as Secretarias de Planejamento e Administração, Educação e de Transporte, além do Detran. Na linha de frente dessas secretarias estão os auditores Ivaldo Renaldo de Paula Ledo (Seplad) e Elieth Braga (Seduc). Iran Lima se licenciou da Casa Civil para concorrer à Assembleia Legislativa, mas, de fato, mantém influência direta na Casa Civil.
Na Secretaria de Transporte do Estado está Adler Silveira, enteado da titular da Secretaria de Educação, Elieth Braga, cujo marido, Paulo Sérgio de Melo Gomes, é “manda-chuva” na própria Secretaria da Fazenda. Além desses, há vários auditores ocupantes de cargos de confiança no segundo escalão como secretários-adjuntos, diretores e assessores mais que especiais a eles ligados. É o caso do médico José Tuma, marido da ex-secretária de Planejamento Hanna Ghassan, tida e havida como possível candidata à vice na chapa de reeleição de Helder Barbalho. O DAS José Roberto Tuma da Ponte, indicado pela mulher, é diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais-Fapespa, com ligações no Hospital Ofir Loyola e na Uepa.
Papo Reto
- A soltura de presos e a liberação de bens apreendidos virou um comércio de grandes proporções no Sistema Judiciário que envolve todos os atores – advogados, presos, Ministério Público e até juízes e servidores.
- Seja quem for, seja o crime hediondo ou não, gravíssimo ou não, sempre aparecem decisões estranhas pela liberdade. A sociedade não tem a quem recorrer. Palavra de quem lida com o assunto.
- Os Supermercados Nazaré definham lenta e melancolicamente. Agora, depois de tantas propostas de compra recusadas, parece que o negócio já não desperta mais interesse.
- O Hospital das Clinicas Gaspar Viana está há doze anos sem qualquer investimento do governo do Estado e vive situação calamitosa, sem equipamentos e sucateado.
- Alguns médicos já se recusam a continuar trabalhando ante a situação de penúria. Bem, construir dá votos, mas manter o que existe não dá palanque. Sem fiscalização, vai de mal a pior.
- É aterrador o estado em que se encontra a Praça Carneiro da Rocha, conhecida popularmente como Largo do Arsenal.
- Bueiros sem tampas, calçadas rachadas e desniveladas, mato por todos os lados, folhas e galhos secos de árvores estão lá para todo mundo ver – e só não vê quem não quer.
- Taxistas clandestinos continuam fazendo corridas a partir da feira do Ver-o-Peso com seus carros caindo aos pedaços, imundos e, alguns, sem taxímetros.
- A toda poderosa Semob finge que não vê. Aliás, enquanto ela olha para outro lado, os passageiros são extorquidos pagando aquilo que os motoristas calculam, de acordo com a cara do freguês.
- As chuvas deram uma trégua e moradores do bairro São João, na Marituba da gestão Patrícia Mendes (foto), espicham os olhos para o tempo com dois singelos pedidos: mais sol e o prometido serviço de recuperação de ruas e acessos. Isso é que é sonho de verão…