Está redondamente enganado quem ousa comparar a direção de uma escola paroquial do interior, se ainda existir, como em priscas eras, com a Reitoria da Universidade Federal Rural do Amazônia, a Ufra. Por uma razão que não vem ao caso mencionar, a escola paroquial daquele tempo cumpria ritos, se curvava a regras e colocava cada um, diretor, professor e aluno no seu metro quadrado. Na Ufra da professora Herdjania Veras, segunda colocada na eleição para reitor, mas a escolhida da lista tríplice pelo presidente da República é tudo junto e misturado – mesmo depois de oito meses no cargo. E, como em outra conhecida Universidade federal no Pará, a Reitoria tem sombra.
Festival de nomeações
Nesta semana, ao tentar envernizar a administração, a Reitoria promoveu reunião, coordenada pelo Sindicato dos Docentes da universidade, encarregado, acredite – o sindicato -, de indicar professores para ocupar vagas no Conselho Universitário. Fique claro desde já: desde que assumiu, em agosto do ano passado, a Reitoria não convocou eleições regulares para tal, isto é, não consulta a comunidade universitária, abrindo um festival de nomeações pro-tempore que não se vê desde os governos militares de triste memória. Nem precisa dizer que esses atos, sem exceção, são contra o regimento interno da instituição e dispensam comentários, exceto por algumas razões.
Sombra mostra a cara
Uma delas é o emergente professor Paulo Farias. Semana passada, em reportagem da TV Liberal sobre o sumiço de uma embarcação da Universidade, Paulo Farias saiu das sombras para aparecer como porta-voz da Reitoria. Faz sentido: ele é marido da reitora e foi por ela nomeado como representante da classe de professores titulares. Na reunião, Paulo Farias assacou contra a professora Ruth Almeida, que se candidatara à vaga de professor-adjunto sem saber que, por trás dos panos, havia sido tirada da “geladeira”, promovida com portaria publicada e, assim, impedida de concorrer. Antes de se retirar da reunião, a professora Ruth disse o que sabe de Paulo Farias.
Hora de juntar os cacos
O barraco vexatório circula nas redes sociais e torna a emblemática Universidade Federal Rural da Amazônia, que já foi Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, a Fcap de grandes nomes e feitos pouquinho menos importante no cenário das universidades federais brasileiras. Nada que o tempo não possa corrigir. Por enquanto, melhor começar a juntar os caquinhos (O áudio a seguir tem os seguintes personagens: coordenador da mesa: professor Adriano Mota; acusador: professor Paulo Farias; professora Ruth Almeida, acusada; professor Antônio Moreira, defensor de Ruth Almeida; e professor Rinaldo Viana, explicações).
Ouça o áudio.