O imbróglio envolvendo a eleição da Federação Paraense de Futebol tomou proporção tão nefasta que ameaça colapsar o Parazão-2022, que tem o governo do Estado como principal patrocinador, através do Banpará. Essa disputa, na visão dos entendidos da bola, pode se tornar abstrata e imprestável, diante do quadro jurídico atual e da omissão de quem de direito, que cruzou os braços e deixa a banda passar.
O mandato do presidente Adelson Torres e seus diretores, inclusive dos membros do Conselho Fiscal, terminaria no dia 31 de dezembro de 2021, com permanência no cargo, segundo os estatutos da Federação, até que ocorresse a posse da nova diretoria. Com isso, as eleições seriam marcadas pela FPF e comandadas por um Conselho Eleitoral, composto de um triunvirato com a presença de dois ex-presidentes do TJD do Pará sem dúvida ligados ao candidato Adelson Torres, o que desagradou dois outros postulantes ao cargo.
E eis que o cavalo passou selado
Esse quadro político ensejou a propositura de uma ação cautelar no plantão da Justiça Comum, tendo como autor a Liga Atlética de Castanhal, sob a orientação de um dos candidatos à presidência. Negada a liminar para suspensão das eleições, houve agravo de instrumento, distribuído para a 2ª Turma de Direito Privado. Coube, então, à desembargadora Eva do Amaral Coelho a decisão em suspender as eleições diante de irregularidades encontradas no processo eleitoral. O despacho, entretanto, não esclareceu como ficaria a direção da entidade e nem como seria o processo eletivo.
Assembleia geral sob suspeita
Como as partes envolvidas não recorreram, o presidente da FPF, por livre iniciativa, procurou a presidente da Tuna Luso Brasileira, Graciete Maués, sugerindo que assumisse a presidência da Federação tendo em vista que o clube é o mais antigo entre os filiados, o que, nos ternos do Estatuto, abonaria a indicação e a ocupação temporária do cargo. Nesse intervalo, porém, a CBF, ao tomar conhecimento da real situação, emitiu parecer em que se manifestou pela ilegalidade da ocupação temporária da presidência da FPF e pelo imediato retorno do presidente Adelson Torres, a quem caberá comandar as eleições. Nos bastidores da FPF, aliás, se fala que uma assembleia geral teria sido forjada para legitimar a ocupação do cargo, inclusive com o cometimento de atos dignos de ação do MP.