O Pará conta 40,64% de sua população abaixo da linha da pobreza, o que significa 3.562.752 paraenses vivendo com menos de meio salário mínimo, mas tem índice de distribuição de renda próximo ao da Suíça, país que ocupa um dos primeiros lugares em desenvolvimento sustentável do planeta. Quem afirma isso é o governo Helder Barbalho, no Mapa da Exclusão, ao apontar espetacular redução na concentração de renda no Estado com base no Índice de Gini de 0,2927, em 2020.
Como se aplica a igualdade
O conceito do índice criado pelo matemático italiano Conrado Gini e aceito pela ONU para medir a distribuição de renda em todos os países do mundo compara a renda dos mais pobres com a renda dos mais ricos. Esse método coloca o Brasil com índice 53,3, longe, portanto, do caminho ideal da distribuição de renda – o ideal de igualdade se aplica quando os números estão bem mais próximos de zero, indicando que a concentração de renda nas mãos de poucos fica próxima de 100. A Noruega, por exemplo, país que ocupa o primeiro lugar em desenvolvimento humano, tem Índice de Gini de 27,5, enquanto a Suíça, 32,3. A África de Sul, que está na 113º mundial em desenvolvimento humano, tem o índice de 63,0.
Estado alterou metodologia
O Pará chegou ao índice de 0,2927 em 2020 simplesmente alterando a metodologia de cálculo. No lugar de medir a renda dos 20% mais pobres e comparar com os 20% mais ricos, a Fapespa, instituição responsável por emitir o Mapa da Desigualdade, usou a base de comparação entre as pessoas que ocupam emprego formal.
Números da grande mentira
O Pará continua sendo um Estado que gasta suas receitas obtidas por meio da venda dos ativos minerais, mas mantém seu povo na extrema pobreza apostando em modelo econômico predador e concentrador de renda, cujo crescimento não vem acompanhado de melhoria na qualidade de vida da população. Então, para não admitir o fracasso das políticas públicas, mascara métodos de apuração obtendo números fictícios que, no mais das vezes, não passam de uma grande mentira.
Todos pecam por omissão
O mais grave é que o Mapa da Exclusão Social, como instrumento de planejamento de políticas públicas, deveria ser avaliado pelo Tribunal de Contas do Estado e Assembleia Legislativa, junto com a prestação de contas do exercício correspondente, para mensurar a eficiência e corrigir rumos, adotando políticas públicas práticas e de resultados efetivos, mas, pelo visto, ninguém se dedica à leitura desse relatório.