A empresa Arapari Navegação, da família da deputada estadual Ana Cunha, deve ser afastada definitivamente da linha, mas a solução final do problema do transporte fluvial no Marajó está nas mãos de dois senhores: o diretor-geral da Arcon, Eurípedes Cruz, e do secretário de Transporte, Adler Silveira/Fotos: Divulgação.

Depois do naufrágio da embarcação “Dona Lourdes II”, às proximidades da Ilha de Cotijuba, Distrito de Icoaraci, transportando passageiros do Marajó para Belém – a maioria composta de idosos e crianças -, a população de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari continua pranteando seus 23 mortos e aguardando as providências do governo do Estado que nunca chegam.

Fora de rota, mais ou menos

As empresas Arapari Navegação, pertencente à família da deputada estadual Ana Cunha, e a Banav, que faziam a linha regular em lanchas e navios estão temporariamente afastadas das operações, mas fala-se que a Banav deverá retomar o serviço no trecho Cachoeira do Arari-Belém, por apresentar embarcações em condições mais seguras.  A empresa Arapari, cujas embarcações deixaram muitas vezes usuários à deriva em plena Baía do Marajó, deverá ser afastada definitivamente da linha.

Movimento pede providências

Nesta semana, representantes das cidades de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari criaram o Movimento Porto do Rio Camará, que tem se reunido com as autoridades do Estado – Arcon e Secretaria de Transporte, responsáveis pela política de controle e autorização -, em busca de soluções para regularizar o transporte fluvial na região.  

Duas empresas, a Transmarajó e a Salmista passaram a fazer a linha com embarcações mais seguras e confortáveis, mas a burocracia do Estado ainda não regularizou a situação das empresas, que sequer possuem guichês no terminal hidroviário para a expedição de passagens e controle de passageiros.               

Os representantes do movimento reclamam da morosidade e da falta de sensibilidade dos órgãos estaduais em buscar solução imediata para essa travessia, que carece de um navio com capacidade para mais de 400 passageiros e pratique preços menores que as lanchas rápidas, para atender população de baixa renda.

Depende de dois senhores

Fica combinado assim: enquanto a Arcon, dirigida pelo ex-vereador de Eldorado dos Carajás Eurípedes Cruz, sudeste do Pará, indicado pelo deputado estadual mais votado Wanderson Chamon, e a Secretaria de Transporte, de Adler Silveira, fazem de conta que estão fazendo alguma coisa, resta à população, que faz de conta que acredita, esperar, em silêncio, como se habituou a fazer ao longo de décadas.

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