Na comparação com um jogador de futebol, o contador Luís Lima, nomeado secretário de Saúde da Prefeitura de Dom Eliseu, seria mais que um fenômeno – tipo craque que cruza e corre para o cabeceio fatal e o gol. Só que não: Luís Lima é proprietário de uma grande farmácia no município do nordeste do Pará de pouco mais de 60 mil habitantes, distante mais de 450 quilômetros de Belém, secretário – perdão, supersecretário – e prefeito de fato – o prefeito de direito é Silon Gama, fato conhecido praticamente por cada nove entre dez habitantes ao longo de mais de 5,2 mil quilômetros quadrados do território do município.

Com tanto poder de fogo, porém, o secretário Luís Lima anda se atrapalhando ao ir às compras. Documentos encaminhados à coluna apontam uma série de irregularidades em licitações da pasta, mesmo quando declaradas desertas pela Comissão de Licitação do município. Uma delas, para registro de preços para contratação de empresa para “futuro e eventual” fornecimento de oxigênio e ar-comprimido, não houve participantes interessados, mas aos respectivos documentos foram juntados documentos falsos sobre pesquisa de mercado feita nos dias 22 e 24 de novembro de 2021, com relatório produzido no dia 21 do mesmo mês. Na verdade, a pesquisa ocorreu nos dias 23 de novembro e 7 de dezembro de 2021, às 14h30, com relatório gerado no dia 7, às 21h11.

Documentação falsa pontua processos

Em outra licitação, para contratação de fornecimento de equipamentos e material permanente, conforme Portaria nº 11415.068000/1200-03 do Ministério da Saúde, a análise do processo novamente aponta a inserção de documentos falsos sobre pesquisa de mercado, inclusive no mural de licitações do Tribunal de Contas dos Municípios, o que supostamente seria um indicativo de que o processo teria sido montado para burlar a fiscalização. Há casos em que o secretário intervém nas compras, contratando empresas sob a justificativa de “medida vantajosa”, mas sem a devida comprovação no processo.

Não é ilegal, mas
é imoral e engorda

A favor do supersecretário Luís Lima consta que não foi iniciativa dele a nomeação do estudante do primeiro ano do curso de Direito em uma universidade de Imperatriz, no Maranhão, o jovem Miguel Gama de 21 anos de idade Neto (foto acima), no cargo de Secretário Municipal de Relações Institucionais, recebendo salários de cerca de R$ 10 mil por mês – o que não é ilegal, mas é imoral e engorda, por uma simples razão: o garoto vem a ser filho do prefeito de Silon Gama. Resumo da ópera: se o prefeito de fato atropela a Comissão de Licitação da Prefeitura de Dom Eliseu, o prefeito de direito manda a ética às favas.

• O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (foto), “anda meio desligado”, mas agenda para esta quinta-feira, no Espaço Ná Figueiredo,  o lançamento de seu trabalho como compositor, na voz de Deise Addário, Olivar Barreto e Andréa Pinheiro, entre outros.
• O governador Helder Barbalho foi ao Rio de Janeiro, ontem, levando a tiracolo o secretário de Obras, Ruy Cabral, para uma reunião na CBF.
• Ficou de tratar da programação de reinauguração do Mangueirão e sobre a possível presença da Seleção Brasileira para, digamos, abrilhantar a festa em ano eleitoral.
• Pelo andar da carruagem, dificilmente todas as reformas previstas para o estádio estadual serão concluídas. Se a prefeitura ajudar, porém, quem sabe acaba recolhendo o lixo acumulado no lado externo do estádio, pela Transmangueirão.
• Aliás, se o governo conseguir os R$ 800 milhões que planeja tomar emprestados para turbinar o Programa Asfalto por todo o Pará deve fechar o enorme buraco existente no meio da pista da Transmangueirão há meses.
• O presidente da OAB, Eduardo Imbiriba, assinou contrato para a obra de reforma da sede da subsecção de Marabá, uma das maiores do interior.
• A Fiocruz começou distribuir o antirretroviral Dolutegravir. Fruto de parceria com a farmacêutica britânica GSK e ViiV Healthcare, o medicamento promete diminuir a dependência do Programa de HIV/Aids de insumos importados, em médio e longo prazos.

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