O estudo “Como o Agro se beneficia do desmatamento?”, idealizado pelo Instituto Escolhas, aponta que o desmatamento desvalorizou estoque de terra de 93,5% dos municípios brasileiros – total de 136,7 bilhões em 2017. O produtor que comprou novas terras para expandir sua produção contou com uma ajuda do desmatamento, mesmo que não tenha derrubado uma árvore sequer. Segundo o levantamento, a incorporação de novas áreas desmatadas entre os anos de 2011 e 2014 no mercado de terras provocou uma depreciação de R$ 136,7 bilhões no valor do estoque de terra brasileiro em 2017, o equivalente a uma redução média de R$ 391,00 por hectare. No Pará, o destaque fica para os municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Novo Repartimento e Sapucaia.
Por um pagam todos
Para a gerente de Portfólio do Instituto Escolhas, Jaqueline Ferreira, o estudo comprova que “o desmatamento ocorrido na fronteira agrícola, na Amazônia e no Cerrado, deprecia o preço de terras do País como um todo, funcionando como uma espécie de subsídio ou desconto para produtores que têm como estratégia a incorporação de novas áreas para aumento da produção. Já os produtores que apostam no aumento da produtividade saem perdendo com o desmatamento, uma vez que têm o preço suas terras depreciadas”.
São Félix, pior de todos
Nos municípios em que ocorreu a expansão da fronteira agropecuária, situados predominante na Amazônia Legal e Matopiba – região que compreende os Estado de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia -, a depreciação foi ainda maior: chegou a R$ 83,5 bilhões ou 25% do valor da terra em 2017, o equivalente a uma redução média de R$ 985,00 por hectare. O preço do hectare de terra em São Félix do Xingu – município com maior depreciação observada – foi de R$ 2.476 em 2017. Sem o desmatamento dos anos anteriores, o preço teria chegado a R$ 6.606,00 por hectare.
E o Agro faz que não vê
Apesar do efeito geral de depreciação do preço da terra, os maiores valores observados estão concentrados em poucos municípios e produtores. 61 municípios – 1,15% – acumularam metade – 50% – da depreciação total da terra no País. “Ainda assim, a maior parte do Agro se esquiva de adotar medidas concretas para se desvincular do desmatamento, como a rastreabilidade de fornecedores das cadeias produtivas ou o registro e georreferenciamento das propriedades”, afirma Jaqueline Ferreira.