A paralisação iniciada ontem, dia da comemoração dos 35 anos de fundação do município, atinge cerca de 4,6 mil alunos de 35 escolas das zonas urbana e rural. Propostas do Sindicato foram recusadas pela gestão em todas as tentativas de acordo/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

Greve de professores da rede pública descortina administração que supostamente antecipa compromissos de campanha e paga empreiteiros em dia, mas nega reajuste à classe. Prefeito de fato, PH reage.

Se bem andou, o presidente da Câmara de Vereadores de São João de Pirabas, Antônio Oliveira, o Daga, apoiado pelos vereadores Orlando e França, ambos do MDB, ingressou hoje com pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a educação no município. Professores e servidores do setor estão em estado de greve desde ontem, quando a cidade completou 35 anos de fundação.

Em represália, o ex-prefeito de Salinópolis, Paulo Henrique Gomes, marido da prefeita Kamille Araújo e secretário de Planejamento, mandou desarquivar os processos de cassação abertos anos atrás contra os três parlamentares. Explica-se: PH tomou a decisão porque, de fato, como todos sabem, é ele quem manda na gestão municipal.

Começo de tudo

O impasse entre os professores e servidores da educação e a prefeitura começou ano passado, mas teve o estopim aceso em abril deste ano, quando o Executivo reiterou, de uma vez por todas, não ter condições de pagar as perdas salariais relativas a três anos sem reajustes. Do total de 48% de defasagem, o Sindicato dos Professores em Pirabas, Sintepp, aceitou receber 33%, mas a prefeita Kamille, sob orientação do marido, retomou as negociações à base de 8%, e estancou em 2%.

A última tentativa do Sintepp foi tentar diluir esse repasse, aceitando 12% em maio, 10% em junho e 11% em julho deste ano, além de abrir mão de cinco meses de reajuste retroativos referentes ao pagamento do piso deste ano, mas nem isso a prefeitura recusou. A greve segue firme e forte e já atinge cerca de 4,6 mil 35 escolas das zonas urbana e rural.

Campanha política

Ainda de acordo com as denúncias do Sintepp, o problema da folha salarial em Pirabas está na quantidade de temporários contratados para cumprir acordos políticos visando as eleições municipais do ano que vem. O número de contratados saltou de 20 para 119 nos últimos dois anos. Como se nega a enxugar a folha, a prefeitura se vê impossibilitada de pagar o que seria devido aos professores efetivos. Até que se resolva o impasse, os estudantes seguem em casa curtindo uma espécie de férias forçadas pela intransigência política. Em vídeo, o vereador Orlando anuncia CPI aos professores da rede pública de Pirabas.