Cenário sugere que eleitorado pode estar antecipando a escolha polarizada entre o ex-presidente Lula da Silva e o atual, Jair Bolsonaro/Divulgação.

Bolsonaro avança na flexibilização de regras fiscais enfrentando a resistência do time econômico; Lula defende reforma geral nos marcos fiscais eda retomada de um Estado forte para combater a pobreza e impulsionar o crescimento da economia.

A vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais que simulam eventual segundo turno na disputa de 2022 caiu 10 pontos percentuais em dois meses, segundo PoderData, sugerindo que o eleitorado pode estar antecipando a escolha polarizada entre os dois atuais líderes nas pesquisas.

Tal cenário elevaria riscos de o governo aprofundar a opção de elevar os gastos públicos, na medida em que pode aumentar o entusiasmo da chamada ala política em incrementar a popularidade de Bolsonaro para alavancar o presidente nas pesquisas, diante da redução da vantagem de Lula, que segue na liderança das intenções de voto.

Já há inclusive indicação dada por ministros do governo de que, caso persistam as dificuldades de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios na Câmara, a alternativa seria a prorrogação do Auxílio Emergencial, com uma nova decretação de estado de calamidade pública causada pela pandemia de Covid-19.

A pesquisa, feita por telefone e com margem de erro de 2 pontos percentuais, foi realizada entre segunda, 25, e quarta-feira, 27, já captando o anúncio do Auxílio Brasil de R$400 até o fim de 2022 pelo governo. Nela, Lula vence Bolsonaro por 52% a 37%, ainda uma distância de 15 pontos. O petista perdeu 4 pontos percentuais em relação ao levantamento de setembro, enquanto o presidente subiu 4.

Desde agosto, na série PoderData, Bolsonaro ganhou 7 pontos percentuais, de 30% para 37%. Lula subiu de 55% para 56% entre agosto e setembro, mas em outubro caiu 4, para 52%.

No momento, enquanto Bolsonaro avança na flexibilização de regras fiscais para ampliar investimentos públicos e administrar sua governabilidade, enfrentando a resistência do time econômico, Lula mantém a defesa de uma reforma geral nos marcos fiscais e da retomada de um Estado forte para combater a pobreza e impulsionar o crescimento da economia, o que reforça a importância do olhar atento do mercado às oportunidades em empresas, setores e índices que podem se beneficiar com a nova agenda de gastos públicos, e à credibilidade dos candidatos em relação ao gerenciamento da economia.

Polarização –Ainda conforme o PoderData, a possível candidatura do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro pode desidratar a chamada terceira via, fortalecendo a polarização entre Lula e Bolsonaro. Moro apresenta índice de 7% a 8% em intenção de voto nos cenários testados. No primeiro, fica atrás de Bolsonaro, com 28%, e de Lula, com 35%, mas à frente dos principais postulantes de uma alternativa, como o ex-governador Ciro Gomes, com 5%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, com 4%, do governador de São Paulo, João Doria, também com 4%, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com 1%.

No segundo cenário, Moro permanece atrás de Lula, com 34%, e de Bolsonaro, com 30%, mas também à frente de Gomes, com 7%, Mandetta, com 4%, e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, com 3% – que nesta simulação, diferentemente de Doria, aparece em desvantagem em relação ao apresentador José Luiz Datena, que marca 4%. Doria e Leite disputarão a indicação do PSDB à presidência da República em 21 de novembro.