Equipe de reabilitação do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência publica nota de repúdio contra terceirização de serviços e baixos salários oferecidos pelos novos administradores/Fotos: Divulgação.

A mudança de gestão do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, Região Metropolitana e Belém – sai a OS Pró-Saúde para a entrada da OS Mais Saúde – começa com problemas que devem se multiplicar ao longo do período de vigência do contrato, a exemplo do que vem acontecendo no Hospital Público Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci, com impacto final negativo nos pacientes.  

No último sábado, a equipe de Reabilitação do Metropolitana publicou nota de repúdio, não necessariamente relacionada ao término do contrato com a Pró-Saúde, mas à terceirização dos serviços pela nova empresa que, segundo a nota, “de forma desleal, desrespeitosa e autoritária” estaria se negando a discutir com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos proposta de trabalho que atenda aos interesses das partes, sem prejuízo do atendimento médico.

Amadorismo profissional

O mais grave da questão, porém – fato que a equipe atribui a ‘amadorismo empresarial’ -, é que a empresa teria lançado proposta com valores de pagamento incompatíveis com o mercado de trabalho e com o nível técnico e científico de especialistas, mestres e doutores do grupo que cuida de pacientes extremamente complexos do Hospital Metropolitano. Segundo o documento, questionada quanto aos valores propostos, a empresa terceirizada ‘demonstrou total falta de humanidade e comprometimento com essas categorias profissionais, demonstrando desconhecer a importância do atendimento exigido pelos pacientes. A nota soa, enfim, como o caos anunciado.

Quem é a terceirizada

Informações encaminhadas à coluna apontam que a empresa contratada como terceirizada pela Organização Social Mais Saúde para a nova gestão no Hospital Metropolitano é a Multicorp, que mantém relações com o Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia, que antecedeu a Mais Saúde e que foi sucessora da OS Santa Casa Pacaembu na gestão do Hospital Abelardo Santos.

Ligações perigosas

A Santa Casa Pacaembu dispensa apresentações, desde que envolvida no escândalo que supostamente teria desviado recursos federais destinados ao combate à pandemia através da ‘Máfia das OS’ e pariu personagens como o pecuarista preso pela Polícia Federal Nicolas Tsontakis e o chefe da organização criminosa instalada no interior de São Paulo, médico Cleudson Mortalli, entre outros que, livres, leves e soltos continuam trabalhando em Belém ou atuam ‘por fora’.

Caso do ‘escondidinho’

Atribui-se também à Santa Casa Pacaembu a construção de um ‘escondidinho’ nas instalações do Hospital Abelardo Santos que funcionou como ‘sumidouro’ de respiradores. Até hoje, dois anos depois da descoberta desse achado, nenhuma investigação, quer da Secretaria de Saúde do Estado, quer do Ministério Público ofereceu resposta ao inusitado fato.

Então, parece combinado que, ao menos em Belém, a gestão de hospitais públicos, como o Metropolitano de Urgência e Emergência e o Hospital Abelardo Santos tem um viés historicamente danoso ou, no mínimo, carece de transparência. O que não se deseja para o Metropolitano é o mesmo nível de atendimento prestado pelo Abelardo Santos.