O assassinato de três pessoas de uma mesma família em São Félix do Xingu, município da região sudeste do Pará, continua sem respostas: as autoridades policiais do Estado encarregadas das investigações ainda não disseram ao distinto público, 45 dias depois do fato – em todos os casos, considerado corriqueiro em território paraense -, quais teriam sido as motivações e de quem foi a autoria do crime, ainda que pressionadas pelo Ministério Público Federal. A Secretaria de Segurança Pública, pela mudez, parece não frequentar esse ambiente, a ponto de fazer ouvidos de mercador ao próprio MPF.
Os corpos de Zé do Lago, da esposa Márcia e da filha Joene foram encontrados em estado de decomposição na área rural de São Félix do Xingu no dia 9 de janeiro deste ano. A família de ambientalistas, que morava havia 20 anos no local, tinha um projeto de criação e proteção de quelônios que incluía tartarugas, cágados e jabutis.
Diferente de outros tempos, em que foram mortos um casal de ambientalista em Nova lpixuna do Pará e a missionária americana Dorothy Stang, em Anapu, até agora não houve nenhuma manifestação significativa dos movimentos sociais do Pará no sentido de cobrar resposta imediata do Estado. Também não se viu nenhuma audiência pública para ouvir pessoas e pressionar a federalização das investigações. O próprio Ministério Público Federal hesita, dadas as complicações de tal providência junto à Justiça. E o tempo voa. Até as vozes antes alvoroçadas na Assembleia Legislativa do Estado comeram abio.
Qual seria o motivo de tão poucas ou quase nenhuma cobrança das entidades e comissões que dizem acompanhar, combater e repudiar os conflitos no campo no Pará? Por que ninguém se atreveu até agora a solicitar uma força tarefa, incluindo a Polícia Federal, para investigar o triplo assassinato? Enfim, a quem interessa esse silêncio de morte?