Naufrágio da embarcação “Dona Lourdes II”, às proximidades de Icoaraci, em Belém, segue causando danos à população dos principais município da região, que acusa queda no movimento de visitantes por causa da insegurança na navegação e da ausência de informações sobre medidas reparadoras já adotadas e em curso pelos governos municipais e do Estado/Fotos: Divulgação. 

Comerciantes de Salvaterra e Soure, principalmente, reclamam da queda nas vendas desde que a região do Marajó virou destaque nacional e internacional com as 23 mortes provocadas pelo naufrágio da embarcação “Dona Lourdes II”, que havia saído de Cachoeira do Arari. Na Vila de Jubim, Distrito de Salvaterra, por exemplo, nunca se viu um Círio com tão poucos visitantes e baixo movimento como registrado no último final de semana. Antes disso, barraqueiros e vendedores das principais praias de Salvaterra já vinham reclamando da queda nas vendas em finais de semana e feriados desde o trágico acidente.

Turismo cai pelas tabelas

Salvaterra e Soure são os municípios mais afetados por representarem muito mais o turismo no Marajó do que Cachoeira do Arari, origem da viagem que terminou em tragédia. Na leitura de comerciantes e moradores, o problema está na forma como a informação foi massificada. Como os noticiários se referiam ao “Marajó”, muita gente que procurava essas cidades para conhecer suas belezas naturais desistiu, dada a falta de garantia e segurança no transporte fluvial.

Fiasco em festa religiosa

Antes do fiasco no Círio da Vila de Jubim, vendedores, lideranças e barraqueiros haviam procurado o prefeito de Salvaterra, ‘Seu Carlos’, para relatar a queda nas vendas e pedir providências para reverter o quadro. A prefeitura alega que várias melhorias no transporte fluvial já foram implementadas, mas o problema é que essa iniciativa não ganhou a mesma publicidade que as mortes provocadas pelo naufrágio.

Fiscalização impossível

A verdade é que os 500 mil habitantes dos 16 municípios do Marajó, a maior parte vivendo em áreas de difícil acesso, dificilmente deixarão de depender do transporte fluvial e de embarcações sem as devidas condições de transporte de passageiros, uma vez que é praticamente impossível fiscalizar diariamente toda a extensão do arquipélago, de mais de 104 mil quilômetros quadrados, quase cinco vezes maior que o Estado de Sergipe, que possui 21,9 mil quilômetros quadrados.