A população de Mosqueiro se preparou para vaiar, mas o alcaide não deu as caras e sobrou para o vice, Edilson Moura; o governador, por sua vez, admitiu o abandono da ilha e citou Roberto Carlos: “daqui pra frente/ tudo vai ser diferente…/Fotos: Divulgação-Agência Pará.

Olavo Dutra | Colaboradores

O prefeito Edmilson Rodrigues sabia que tomaria vaia e se resguardou; o vice-prefeito Edilson Moura não foi vaiado logo no começo do evento porque, literalmente, ninguém sabe lá muito bem quem ele é…

De tão demorado – quase dez anos de espera – e por parecer que vai do nada para lugar nenhum, o novo Terminal Hidroviário de Mosqueiro foi um desses eventos em que a população se prepara para protestar, de preferência com sonoras vaias, não pela obra pronta, acabada e entregue, no mais das vezes com pompa e circunstância, mas pela ausência de outras – digamos – mais prementes. E deu no que deu.

Na presença do governador Helder Barbalho, bastou alguém citar o agente distrital e o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que as vaias explodiram. Só que, por razões que a própria razão desconhece, Ed não foi; mandou o vice, professor Edilson Moura, como ‘escudo’, que foi vaiada do mesmo jeito, obrigando o governador a se levantar para sinalizar um pedido de ‘calma’ ao distinto público, revertendo o barulhento protesto a seu favor.

Bola de cristal

O prefeito Edmilson Rodrigues sabia que tomaria vaia e se resguardou. O vice-prefeito Edilson Moura não foi vaiado logo no começo porque literalmente ninguém sabe quem ele é – foi inclusive barrado de subir no palanque de Lula durante a campanha eleitoral e depois resgatado pelo então candidato Beto Faro. Seu desconhecimento o salvou de um começo desastroso, mas, assim que se apresentou como porta-voz do prefeito, a sonora vaia ecoou por toda a ilha. 

Como Ed não foi, o povo mandou a vaia para ele pelo vice, inaugurando uma nova modalidade de delivery – a ‘vaia expressa’.

“Daqui pra frente…”

Na ocasião, o governador Helder Barbalho disse não ter procuração do prefeito, mas agiu como se tivesse, colocando o abandono na conta do passado e dizendo, como Roberto Carlos, que ‘daqui pra frente tudo vai ser diferente’.

Era uma vez no passado

O primeiro governo de Edmilson Rodrigues foi técnico e executado com planejamento minucioso, realizado pela economista Esther Bemerguy, sob a coordenação da equipe de Celso Daniel. Havia um plano e ele foi executado. O que se vê agora é um governo de militantes e de encostados da administração anterior, como o agente administrativo de Outeiro, que mora em Belém e vai lá apenas em dias santos, mantido por indicação do onipresente Cássio Andrade.

Hoje não existe, como na primeira gestão, nem plano, nem corpo técnico. O alcaide joga toda a sua esperança e fé na força de Helder Barbalho e na máquina do Estado, que vem fazendo pavimentação, drenagem, capinação de rua, trapiche, ponte, terminal hidroviário, colocando Ed na cara de players importantes do governo Lula.

Saída pela tangente

Existe, no entanto, uma antipatia pessoal que o prefeito da capital desperta e que será o mais difícil de tirar. A não ser que faça a lição de casa: saia do Psol – que negocia para dentro, mas faz discurso crítico para fora – e se apresente como “o prefeito do governador”. Na condição de secretário de Helder, Ed tem chances; na de prefeito independente, não.

No que depender de Beto da Fetagri Faro, o senador do governador, o PT deve ser esse porto seguro para o prefeito de Belém.

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