A lancha ‘Golfinho’, que faz o trajeto Soure-Belém-Soure diariamente, desviou a rota e perdeu tempo; terminal inaugurado sábado deve ganhar rota Belém-Mosqueiro/Fotos: Agência Pará-Divulgação-Vídeo-Jornal do Marajó.

Nem a Prefeitura de Belém, nem o governo do Estado se prepararam para operar a estrutura construída pelo governo federal através do Dnit por cerca de R$ 7 milhões ao longo de dez anos.

Uma solitária lancha atracou ontem no Terminal Hidroviário do Distrito de Mosqueiro, região da Grande Belém, inaugurado pelo governador Helder Barbalho no último sábado, e em cuja placa se vê a marca do governo federal, que injetou R$ 7 milhões na obra, através do Dnit.

A lancha “Golfinho” chegou com poucos passageiros a bordo. Ela executa diariamente o trajeto Soure-Belém-Soure em cerca de duas horas por trecho, mas demorou quase três horas até atracar em Mosqueiro e retomar o caminho até Belém, causando reclamações: não havia passageiros a embarcar. “Nem para ir, nem para voltar”, reclamou um morador de Salvaterra, aflito com a mudança de rota, pois planejava voltar ao Marajó na viagem da tarde. O desvio foi tempo perdido.

Rota Belém-Mosqueiro

A verdade é que nem a Prefeitura de Belém, nem tampouco o governo no Estado, planejaram o funcionamento do terminal hidroviário com ofertas de viagens para Belém ou para o Marajó, já que a ilha fica na metade do caminho. O passageiro que vem do Marajó não tem interesse em desembarcar em Mosqueiro, senão em caso específico, e quem sai de Belém para o arquipélago também não fica pelo caminho.

Por isso a prefeitura pretende – somente agora, dez anos, mais ou menos, desde o início da obra que esteve ‘fantasma’ – implantar viagens no trecho Belém-Mosqueiro-Belém, já a partir da próxima semana, mas que corre o risco de fazer água se os preços das passagens superarem o valor do transporte rodoviário.

Destino incerto

No fundo, no fundo, esse ‘elefante branco’ vai acabar servindo somente para recreação de famílias com jet skis, lanchas e voadeiras, e não para o transporte de passageiros, a não ser que os preços sejam subsidiados pelos cofres públicos. Um ônibus abastecido com 100 litros de óleo diesel, pior que seja, cai melhor e chega muito longe; uma lancha rápida, com 600 litros, só faz Belém-Soure-Belém.

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