Prática do sepultamento e da cremação de corpos humanos vira coisa do passado: quando você morrer, passará por breve processo de ‘industrialização’ até virar adubo/Fotos: Divulgação.

Nunca a noção bíblica segundo a qual ‘tu és pó e ao pó voltarás’ – Eclesiastes 12: 7 – foi, digamos, tão sólida e orgânica para os mortais. Diz a mensagem inscrita no livro sagrado mais vendido e manuseado do mundo, o mesmo que repousa em bibliotecas suntuosas e poeirentas, púlpitos de igrejas e templos religiosos e, nos dias de hoje, vaga sob axilas de pregadores suados, mas fervorosos: ‘No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás’. Vamos, aos, aos fatos.

Questão de mercado

Sepultar ou cremar corpos já são coisas do passado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, que segue o exemplo de outros cinco e Estados da Terra do Tio Sam e passa a adotar a prática de compostagem para corpos humanos, tal como se faz com qualquer lixo orgânico.

De inspiração ambientalista – esse povo tem cada uma… -, a nova prática de se livrar dos mortos consiste em deixar o corpo em um recipiente fechado ao longo de várias semanas, junto com lascas de madeira, alfafa e palha de capim para, gradualmente, decompor-se, sob a ação de micróbios e ser “transformado em solo” – a coluna não gostou muito do uso de capim e alfafa: parece que vai alimentar o cadáver ou o gado, mas é bobagem…

A prática foi legalizada em 2019 em Washington e seguida pelos Estados de Colorado, Oregon, Vermont e Califórnia. O procedimento também é conhecido como redução orgânica natural e visto como prática sustentável em comparação ao enterro convencional, ou a cremação.

Bom ensacamento, defunto

Agora pense: quem sabe esse não é o destino mais nobre e digno a dar ao meu, ao seu ao nosso corpo profano, seja magro, ou gordo, leve ou pesado quando peso morto, dissecado das entranhas e prestes a virar pó adubando a vida que fica para trás.

Mesmo que para quem, como o ministro da Justiça de Lula, o ex-juiz e ex-governador do Maranhão Flávio Dino, que se diz ‘comunista’, mas não tem problema algum com o lucro, a prática capitalista e funesta medida deve causar danos aos voluptuosos bolsos da indústria funerária, mas engordar a outra voltada para o agronegócio.

Bom retorno ao pó, perdão, ao adubo – depois eu vou, tomara que embalado como ‘produto de primeira qualidade’.