De todas as leituras e releituras possíveis e imagináveis da entrevista do governador eleito Helder Barbalho concedida ontem à TV Liberal, ao menos uma chamou a atenção dos observadores, em nível local. Ao anunciar que pretende manter o atual secretariado na próxima gestão, o governador embutiu um recado claro e cristalino, com dois endereços: um interno, que é reacomodar os aliados, e outro externo, que é dizer aos deputados eleitos e ao senador eleito “não mexam no meu time”.

Diz a lenda

Helder foi criado à sombra de influências políticas e se habituou a mandar desde cedo. Depois que se elegeu prefeito de Ananindeua e seguiu voando cada vez mais alto, o fez por conta própria, com luz própria, por assim dizer, e não é exatamente o tipo de pessoa que admite interferências – exceto de duas, particularmente, e por razões óbvias que sequer vêm ao caso. Diz a lenda que, certa feita, já no governo do Estado, teria admoestado o pai, senador Jader Barbalho, por suposta tentativa de lhe mostrar o caminho das pedras. Pode ser apenas lenda, mas…  

Segue o andor

No caso em que leituras diferentes sobre a entrevista concedida depois de eleito com mais de 70% dos votos válidos – o que lhe confere a condição de bem avaliado no Estado – apontam para o mesmo desfecho,

parece que o projeto previamente anunciado pelo governador de fazer um segundo governo mais técnico do que político virou pó, isto é, o governo seguirá na mesma batida de olho nas eleições de 2026.

Arquivos e estorvos

Isso posto, podem tirar o cavalinho da chuva aqueles que, porventura, julgaram procedente a informação de que o segundo governo Helder ficaria livre de ‘estorvos’, ‘arquivos vivos’ ou o que os valha. Não há sinais de mudanças na previdência, nas obras, na segurança, na educação, no Fisco e nem em lugar nenhum. Se haverá viés técnico no governo que foi político e além disso, só o tempo dirá. A única mudança prevista estará gravada no calendário: Janeiro de 2023.