Pará superou Minas Gerais e agora detém o maior rebanho bovino do País, com 2,4 milhões de cabeça de gado. São Félix do Xingu é o maior produtor/Divulgação.

Não é nada confortável a situação do Pará no contexto das mudanças climáticas, daí a corrida do governo do Estado na busca por recursos para o seu Plano Amazônia Agora, que prevê promover o desenvolvimento socioeconômico baseado em baixas emissões de carbono, ancorado na necessidade urgente de reduzir o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa. E esse esforço decorre do fato de que os números do desmatamento, principalmente em 2019 e 2020 – e tudo indica que 2021 haverá aumento – são extremamente preocupantes para o Estado.

Estado responde por 45%
do total da destruição da floresta

Em 2020, o Pará desmatou 4.899 km2, o que correspondeu a 45% do total do desmatamento na Amazônia Legal – 10.851 km2. Seis municípios paraenses – Altamira, São Félix do Xingu, Novo Progresso, Itaituba, Pacajá e Portel – desmataram cerca de 49% , ou 2.391 km2 do total do desmatamento ocorrido no Estado. Só Altamira e São Félix desmataram, com 1.317 km2, mais que Rondônia, quarto Estado que mais desmatou, com 1.273 km2.

Pata do boi abre caminho
para problemas climáticos

São Félix do Xingu é o município brasileiro com o maior rebanho do País, com 2,4 milhões de cabeças de gado. Marabá pulou da quinta para a terceira posição. O Pará superou Minas Gerais e agora é o terceiro Estado, com 22,3 milhões de cabeças. Mato Grosso é o primeiro e Goiás, o segundo. A pecuária na Amazônia Legal passou a ganhar muita relevância. Há 10 anos, cerca de 35% do rebanho nacional estava na Amazônia Legal;  em 2020, segundo o IBGE, 43% de todos os bovinos do Brazil estavam na região.

Derrubadas representam
chave para emissão de gases

Para dar uma amostragem da problemática da questão climática no Brasil e no Pará, o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima divulgou as emissões de 2020. O Brasil emitiu 2.160.663.755 de  gigatoneladas de carbono equivalente, sendo que a categoria Mudança de Uso da Terra e Florestas foi responsável por 46 % da emissões, com 997.923.296 de  gigatoneladas de carbono equivalente. O Pará registrou aumento de 39,2% nas emissões de gases de efeitos estufa, com o total de 416.987.095 de gigatoneladas de carbono equivalente. O desmatamento representou 84,95% do total de emissões no Pará. Com essas emissões, o Pará foi responsável por 19,3% do total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil, o que mostra o tamanho do problema das Mudanças Climáticas no Estado.

Sem ação coordenada não
como manter floresta em pé

Ambientalistas ouvidos pela coluna afirmam que não basta o governo do Estado, sem a devida articulação com o governo federal, buscar recursos isoladamente para seus planos e programas: governos estaduais e o federal estão falando idiomas diferentes, o que dificultará o enfrentamento ao principal problema que é o desmatamento. E mais: somente uma ação articulada nas três esferas – federal, estadual e municipal – poderá ter efetividade, isso com a conjugação de esforços de fiscalização com políticas públicas ambientais. A questão climática, portanto, chega para ficar como agenda permanente.