Decididamente, o caos criado na gestão do Hospital Regional Abelardo Santos, em Icoaraci, Distrito de Belém, pela Organização Social Santa Casa Pacaembu, “nave mãe” das operações que desviaram algo em torno de R$ 500 milhões de recursos públicos no Pará em plena pandemia de Covid-19, através da chamada “Máfia das OS”, se estendeu ao longo da gestão seguinte, entregue à OS Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia, e continua na atual, a menos qualificada de todas para gerir um hospital de alta complexidade, a OS Mais Saúde. E, tudo indica, não tem governo – por inação da Secretaria de Saúde do Estado -, nem Ministério Público, que não ata nem desata em investigações que já deveriam ter sido concluídas capazes de por tempo à bagunça institucionalizada.
Apelos vão direto para
o governador do Estado
Nos últimos dois meses, servidores e pacientes do hospital se juntaram aos quase meio milhão de seguidores do governador Helder Barbalho com pedidos de socorro, em vão: ou o governador não tem olhos para esses apelos, ou entrega o problema à Secretaria de Saúde, que não move uma palha sequer, embora vez por outra seus técnicos sejam vistos em supostas fiscalizações nos corredores do hospital. Quanto ao MP, virou “fantasma”.
Pacientes sem remédios
e trabalhador sem direitos
Em denúncias encaminhadas à coluna na noite de ontem, servidores do “Abelardo Santos” embrulharam mais um problema: pacientes grávidas estariam sendo vítimas de “violência obstétrica”, isto é, padecem da falta de medicamentos, o que remete os profissionais de enfermagem do hospital a uma situação crítica e vexatória: a OS Mais Saúde os obriga ao silêncio ou a dar explicações capazes de acalmar “ânimos exaltados” pelo mau atendimento aos pacientes – e pela falta dele. Os pedidos de socorro estão no Instagram do governador do Pará, tanto quanto as denúncias de que “ninguém faz nada” pelos servidores, inclusive o Ministério do Trabalho – muitos servidores do hospital estão há mais de dois anos sem gozar férias, sem receber 13º salário e em condições precárias de trabalho. Se isso não justificar uma intervenção por quem de direito, bem…
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