O Sindicato dos Médicos do Pará esbarrou no silêncio do governador Helder Barbalho, da Secretaria de Saúde do Estado e da OS Instituto Mais Saúde, não necessariamente nessa ordem, ao tentar obter informações sobre denúncias recorrentes envolvendo a gestão do Hospital Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci. Noves fora 15 documentos encaminhados ao governador para tratar assuntos de interesse da categoria – e alguns específicos sobre o hospital -, todos ignorados, o Sindicato simplesmente parece não existir, nem para a Sespa, muito menos para a OS Mais Saúde, o que remete a uma postura aparentemente articulada para proteger interesses nada republicanos. Já no apagar das luzes de 2020, o Sindicato foi ao Ministério Público, que entrou em recesso. Como o Conselho Regional de Medicina também entrou em recesso, qualquer intervenção mais aguda no hospital chegará quando a OS já não estará mais na gestão, que se encerra dia 7.
As denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos sobre a desastrada gestão do Abelardo Santos são exatamente as mesmas encaminhadas à coluna, mas, levadas à direção da OS Mais Saúde, caíram no vazio: escala de plantão, registro quantitativo de especialidades, documentos legais envolvendo contratos e afins. Sem resposta. Uma coisa, porém, não passou em branco para o Sindicato: o contrato da OS com o governo do Estado minimizou a complexidade técnica do hospital, permitindo que médicos fossem “enganados” quanto ao trabalho que teriam pela frente. Essa “falha” vai alcançar alguém, cedo ou tarde.
Promessa de Helder de acabar
com “farra das OS” caiu no vazio
Em entrevista à coluna, ontem, o médico João Gouveia lembrou que, ao assumir, o governador Helder Barbalho se reuniu com dirigentes do Sindicato dos Médicos, do qual é diretor Administrativo, onde fez uma das promessas mil vezes repetidas a outras categorias – plano de carreira para os profissionais e outra, específica, de que acabaria “com a farra das OS” nos hospitais públicos do Pará. Hoje, Gouveia resume a situação em uma frase: “acontece exatamente o contrário: as OS não prestam contas do que gastam e do que fazem” e fica por isso mesmo. E assim caminha a saúde pública no Pará.