O que garante credibilidade ao estudo é o fato de que os dados foram fornecidos pelas Secretarias de Segurança Pública dos Estados, ao contrário de uma Ong mexicana que trabalha sem metodologia confiável para divulgar ranking anual sobre as 30 cidades mais violentas do mundo. O levantamento desmonta a propaganda do governo, que dá a segurança pública ‘sob controle’ no Estado.
Por Olavo Dutra | Colaboradores
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou ontem, 28, levantamento que coloca o Pará com sete municípios entre os 30 mais violentos do Brasil: Jacareacanga, taxa de 199,2; Floresta do Araguaia, 133; Cumaru do Norte, 113,2; Senador José Porfírio, 109,8; Anapu, 107,1; Novo Progresso; 106,1; e Bannach, 101,8. Jacareacanga aparece como o segundo município mais violento do País, ficando atrás apenas de São João de Jaguaribe, no Ceará. O município paraense, entretanto, é apontado como o município mais violento da Amazônia.
Segundo o levantamento, a Amazônia tem 13 das 30 cidades mais violentas do País, com base nos casos de violência registrados entre 2019 e 2021. Com o ranking usando como referência o índice de mortes a cada 100 mil habitantes, a novidade foi é a inclusão de municípios pequenos, com cálculo proporcional relacionando a quantidade de moradores e às mortes violentas intencionais, incluindo homicídio doloso, latrocínio – roubo seguido de morte -, lesão corporal seguida de morte e assassinatos em ações da Polícia, as chamadas mortes por intervenção policial.
Informações são da Segup
Detalhe: os números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública não são aleatórios: foram elaborados com base em informações fornecidas pelas Secretarias de Segurança Pública de cada Estado. Portanto, a propaganda oficial não tem como negar que o Pará não sabia desses números. E mais: os números são de 2019 a 2021, período da gestão do governador Helder Barbalho. Assim, não será possível à propaganda oficial utilizar a estratégia de comparar com 2018. O próprio Fórum não ousou comparar com 2018, como costuma fazer a Segup.
Ilha de paz e segurança
O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública é água na fervura do governo do Estado, que insiste em passar à população números da criminalidade duvidosos e que não refletem a realidade das pessoas que sofrem com assaltos, sequestros e homicídios por todo o Pará. Ou seja, os números descortinam a realidade da violência mostrada insistentemente pela propaganda oficial.
Até então, o que se observava era o esforço diário da propaganda oficial e dos veículos de comunicação domesticados – esses, a um elevado custo – para mostrar que o Pará é uma ilha onde reina a paz e a segurança. Tudo o que se divulga nesse sentido destaca que nada existiu igual – nem mesmo nos governos Jader Barbalho, pai do governador – ao que está sendo feito na atual gestão da segurança, até mesmo dando a entender que a Segup foi criada pelo atual governo.
Uma borracha no passado
Nenhuma referência é feita a gestões anteriores, como a reestruturação do Sistema de Segurança Pública, em janeiro de 2012, com a Lei nº 7.584/2011, ainda em vigor; obras de infraestrutura e reaparelhamento da segurança pública, como a criação do Graesp e do Grupamento Fluvial; construção e reforma de delegacias, quartéis e casas penais – onze unidades, criação de 2.357 vagas e 12 unidades que estavam em construção com mais 3.435 vagas; implantação de câmeras de monitoramento e do sistema de rastreamento de viaturas.
Também desse período constam a construção de 79 unidades Integradas do Propaz; aquisição de aeronaves – seis helicópteros e três aviões; renovação da frota de veículos – 1.743 veículos; criação do Centro Estadual Integrado de Inteligência; auxílio-alimentação – PM e Bombeiros não recebiam antes -, com o mesmo valor para todos os órgãos; auxílio fardamento e de risco de vida e kit policial – arma e colete; além do ingresso de novos policiais militares e civis e concurso para agente penitenciário, entre outras ações.
Pela propaganda oficial, nada disso existiu. Tudo o que existe na segurança pública foi criado na atual gestão.