Escancarado: advogados que se inscreverem desistiram sem explicações. No vídeo, a presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Maria Berenice Dias, elogia a postura da advogada Kelly Garci/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.
Se é verdade que ‘lugar de mulher é onde ela quiser’, mantra que, de tão infame, nem deveria ser repetido, mas é usado em discursos de conveniência aqui e alhures – quando mais se estimulam as ‘cotas’, maior o abismo entre as diferenças -, a advogada Kelly Cristina, que arrastou nas saias o direito que permite às mulheres concorrer à vaga do Quinto Constitucional, já fez mais do que toda a OAB no Pará. Não à toa, é reconhecida nacionalmente.
É inédito. A OAB do Pará segue tristemente omissa, permitindo que o processo caia nas mãos do Judiciário, uma vez que até o presidente, Eduardo Imbiriba, declarou apoio ao candidato chapa-branca. Qualquer semelhança com a disputa pela a vaga ao Supremo Tribunal Federal não será mera coincidência. Lá e cá, ambos têm ligados poderás e escancaradas.
Banho de água fria
Estava tudo certo para a eleição aberta na disputa pela vaga do Quinto Constitucional. Com o número de 14 candidatos e candidatas inscritos na concorrência, os cerca de 25 mil advogados do Pará teriam direito de manifestar suas escolhas democraticamente.
Dois advogados desistiram da eleição – Hugo Mercês e Dênis Farias -, e foram para as redes sociais dizer que estavam retirando as candidaturas. Assim, pelo regimento, com 12 inscritos, a escolha passa a ser restrita e a lista que será enviada ao TJ Pará. A retirada dos nomes é permitida pelas regras, mas a movimentação de última hora caiu como balde de água fria para os candidatos esperançosos que têm o apoio da categoria e teriam alguma chance.
Bastidores agitados
Sabe-se que a movimentação de bastidores para deixar a eleição nas mãos dos poucos conselheiros cresceu por conta da preferência popular por alguns candidatos, principalmente pelas mulheres, que conquistaram o direito da paridade de gênero na lista sêxtupla. Cinco mulheres continuam na disputa.
Abuso de poder econômico
As manobras para que novamente a vaga do TJ Pará seja preenchida por homens e não por mulheres ultrapassaram os limites legais. Por isso, uma das candidatas, que liderou o movimento da paridade no Pará, Kelly Garcia, entrou com representação pedindo a cassação da candidatura de Alex Centeno por abuso do poder político e econômico na disputa pela vaga de desembargador.
O pedido de cassação foi protocolado na noite de ontem e dirigido ao presidente da Comissão Eleitoral do Quinto Constitucional, Brunno Castro. O documento reúne imagens apresentadas como provas de que o candidato Alex Centeno aparece em reuniões restritas da OAB e em almoços, incluindo a presença do presidente da Ordem, Eduardo Imbiriba.
A representação aponta que Centeno tem usado a estrutura de poder e se valido de ser primo do governador Helder Barbalho para garantir a eleição, já que, como advogado, tem pouca experiência. Como primo, tem todas.