Tudo indica que a Prefeitura de Belém e os Correios não trocam correspondência entre si e os Correios, por sua vez, não se dignam a encaminhar uma cartinha sequer às autoridades da área de segurança pública e defesa social para resolver um problema criado aos seus pés, pois não deve afetar a empresa nas caladas da noite, nem pela manhã, na retomada das atividades, nem durante o dia e muito menos depois do expediente – mas agride o cidadão e faz da cidade de Belém do Grão Pará uma casa de Noca como nunca, jamais, em tempo algum.
Quarta-feira, 6 de julho, por volta das 21h20. Alguém aponta a câmera de um celular em direção ao prédio onde funciona a Agência Central dos Correios, à avenida Presidente Vargas, Centro de Belém. Sob a marquise do prédio, dezenas de pessoas se aglomeram em movimentos mecânicos, quase coordenados. Parte dos ocupantes do espaço aparece sentada no batente de entrada do prédio; outros em pé, alguns deitados. Fazem parte do mesmo grupo de ocupantes do espaço público. Seriam, segundo o produtor das imagens, “usuários” que fizeram da calçada frontal do prédio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos sua morada noturna. E explica: “usuários de drogas, traficantes, sem-teto, foragidos da Polícia, moradores em situação de rua e etc, etc, etc”… que o Poder Público não vê não porque seja noite, mas porque a Belém de ‘novas ideias’ está entregue a um destino muito sombrio, a um estado quase irreversível de recuperação.
Quando o inferno é aqui
Hoje, pela mesma calçada por onde, varrendo os tempos, passaram milhares de fiéis em adoração à Virgem de Nazaré em seu desfile colossal, onde senhoras e senhoras se atinham a atividades comuns ao dia a dia e onde negócios grandes e pequenos fervilhavam no calor da cidade pessoas circulam atarantadas, angustiadas, nervosas e com medo: há uma pobre multidão de desvalidos, abandonados e ignorados pela autoridade dita constituída ameaçando levar para a mesma cova outras que querem apenas chegar em casa na santa paz.
De novas ideias o inferno está cheio, como entenderão os bons entendedores.