Tudo combinado: atores escolhidos a dedo desempenharam seu papel dentro do script para o prefeito fechar a cena em grande estilo, só que o pano não caiu. Quem canta de galo na Prefeitura de Belém são os donos de ônibus/Fotos: Divulgação.

Para quem tem planos de se lançar candidato à sucessão de Helder Barbalho – ou seja lá quem for o próximo governador do Pará -, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, corre o risco de perder em eventual candidatura à própria reeleição, quando uma vitória lhe garantiria um quarto mandato na condução da máquina municipal. O repaginado, o Ed50 ou o Ed Potoca da última eleição ainda não disse a que veio e quando tenta dizer deixa a sensação de que nova lorota pontua suas falas. A última, por exemplo, tentou engambelar a parte da população da Grande Belém que depende do uso de ônibus urbanos.  

Com votos de obedientes e fiéis assessores selecionados de Edmilson Rodrigues, o Conselho de Transportes do Município de Belém aprovou, na última quinta 24, a proposta de reajuste da tarifa dos ônibus urbanos no valor de R$ 5,01. Incontinente e dramático como sempre, Edmilson anunciou, na sexta-feira, que a nova tarifa do transporte coletivo seria de R$ 4, “menor que o valor aprovado pelo Conselho e menor do que queriam os empresários”. Parecia um bom enredo, mas foi somente até a página dois.

Toda a verdade será revelada

Na verdade, o prefeito de Belém não rejeitou, e sim aprovou o aumento para R$ 5,01 que os empresários queriam. No acordo que fez com os donos dos ônibus, ficou combinado que seria anunciado o valor de R$ 4 pelo prefeito, “para evitar desgaste”, mas a diferença financeira será “subsidiada pela prefeitura” – subsídio, nesse caso, é puro eufemismo. De fato, o valor de R$ 1,01 por passagem será retirado da Prefeitura de Belém e repassado aos empresários, completando os R$ 5,01 em cima de cada passagem paga. Quer dizer, o usuário paga R$ 4 dentro do coletivo e paga de novo mais R$ 1,01 através do repasse feito pelo Tesouro Municipal. Ou seja, o povo de Belém continua pagando R$ 5,01 – do jeito que os empresários mandaram o prefeito fazer.

Moral da história: manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Transporte à base do
mais do mesmo no Campus Guamá

Transcorridas duas semanas do retorno às atividades presenciais na UFPA, os usuários das várias  linhas de ônibus que fazem o percurso bairros-Cidade Universitária estão vivenciando o que já se temia: a quantidade de veículos disponibilizados para esse retorno seguramente está abaixo da demanda. Vai daí que já se fala nas filas dos restaurantes universitários em protestos no Terminal Rodoviário da Terra Firme para obrigar a Prefeitura de Belém a dar sinal de vida e promover a conciliação dos interesses em jogo. 

Falando em ônibus,  a comunidade universitária do Campus Guamá passou a observar a circulação de novos ônibus circulares movidos à eletricidade,  e, claro,  comemorando,  tendo em vista que o cenário anterior era de crônica falta de veículos,  tanto que os antigos circulares eram carinhosamente apelidados de “seculares”.