Usina da Paz inaugurada no bairro União, em Marituba, corre para ser desarticulada pela nova gestão da Secretaria de Articulação e Cidadania sob a lógica de que não reverte votos para Belém, onde Igor Normando quer se tornar prefeito. Pessoa de confiança de Ana Jatene, Pamela Massoud (à esquerda) passou a integrar a equipe de Normando, rezando agora pela cartilha do novo chefe/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

“Está estranhando o quê? Ele é político, e político vive dentro do calendário eleitoral. Ele vai aparelhar mesmo e se está aqui é porque tem autorização de cima para isso”, avisa gerente do novo secretário.

Ao entregar primeiro a Secretaria de Articulação e em seguida as Usipaz ao primo Igor Normando, o governador Helder Barbalho amplificou em mil megatons a capacidade explosiva da gestão atabalhoada que Normando já demonstrara em um lugar comparativamente acanhado para tantas estrepolias. A primeira decisão a chamar atenção da equipe de projetos do governo, comandada por Maria Eugênia Rios, foi a sugestão de construir canis ao invés de piscinas nas novas Usipaz.

 “Ninguém precisa de piscinas”, argumentou o interlocutor do deputado, ignorando que o equipamento auxilia inclusive na recuperação de pacientes e idosos que ali são submetidos a fisioterapia e praticam hidroginástica.

A opinião leiga sobre as piscinas, vistas como “lazer” – seria apenas uma anedota se não camuflasse a prática da nomeação de diretores sem nenhum requisito técnico – segue em curso.

Pamela Massoud, mulher de confiança de Ana Jatene, antes, e de Igor Normando, agora assumiu a diretoria de Atendimento de demandas da Secretaria, atuando segundo os interesses do chefe, que nutri a pretensão de ser candidato a prefeito de Belém.

Golpe de misericórdia

O golpe de misericórdia sobre o que restava do projeto social original da pasta foi o encerramento dos núcleos técnicos NAC e NRI, que faziam avaliação sem viés partidário da ação. O objetivo é destinar recursos para comprar óculos, distribuir cestas básicas e realizar apenas as ações que possam contar com a presença física do titular da secretaria.

 “Está estranhando o que? Ele é político, e político vive dentro do calendário eleitoral. Ele vai aparelhar mesmo e se está aqui é porque tem autorização de cima para isso”, disse uma das gerentes ligadas ao secretário, mas que não quis se identificar. “Nenhum diretor de usina pode fazer qualquer ação sem que Igor Normando tenha destaque nela e é por isso que agora precisa de autorização”.

Não dá voto, descarta

A exclusão das atividades em Marituba, na Região Metropolitana de Belém, para ficar apenas um exemplo, obedece à lógica de não atender quem não reverte votos para o deputado em Belém.

Os Centros Integrados de Educação Pública criados em 1983 por Brizola e Darcy Ribeiro afundaram na mesma lógica eleitoreira que agora ameaça transformar as Usipaz de lugar de esperança em curral eleitoral, comandando por um único político cuja principal virtude é genética: nasceu parente.

Ao pobre, a pobreza

Assim como a educação de qualidade oferecida aos filhos da classe trabalhadora por Leonel Brizola não sobreviveu ao pensamento de que ao pobre basta uma educação pobre, as Usipaz de Ricardo Brisolla Balestreri não sobrevirão a um furacão juvenil sem medicação pública, que vê os mais pobres apenas como um título de eleitor a ser capturado e trocado por um par de óculos, uma cesta básica, castração ou uma vacinação gratuita para seu cão.

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papo Reto

Divulgação
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