O inferno tem água, mas continua inferno: alagamento em um trecho da BR-316, em Ananindeua, fronteira com Marituba, à altura do Igarapé do Aurá, gerou transtornos durante toda a noite de ontem e hoje de manhã. Situação não está na casa do ‘sem jeito’, mas exige ação dura do Estado e do município para amenizar o drama da população diariamente castigada pelas obras do BRT Metropolitano/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.
O que não convém para permitir o livre ir e vir de veículos à altura do Igarapé do Aurá, ou antigo Igarapé Toro, antes da Alça Viária, é a criação de um comitê bipartite: comitês são criados por quem não quer resolver um problema, segundo o entendimento internacional.
Diversos fatores determinam os alagamentos que vêm sendo registrados no trecho da BR-316 à altura do cruzamento com a avenida Independência, causando engarrafamentos quilométricos e problemas nunca, antes, jamais vistos em tempo algum na área desde os tempos em que a Polícia Rodoviária Federal mantinha aquela famosa Barreira de Fiscalização, hoje ocupada pelo Departamento Estadual de Trânsito.
Naquele tempo, além de fiscalizar, efetivamente, a PRF contava o número de veículos que passavam por minuto ante os olhos de seus agentes, oferecendo estatística para cobertura dos jornais antes, durante e depois de feriados prolongados. Hoje, a barreira parece deserta, exceto, às vezes, nas altas madrugadas, mas isso são outros quinhentos.
A mídia confunde o ponto de alagamento: chama rio Uriboca para o que outrora foi o Igarapé Toro, ou Touro, ou Igarapé do Aurá, antes da Alça Viária. O Uriboca fica adiante da Alça Viária e não costuma transbordar, nem sob vara, porque não sofreu tantas intervenções humanas e atravessa a BR-316 por uma ponte que pouca gente vê, larga e segura.
Construção, lixo e invasão
Castigado ao longo do tempo por invasões desordenadas e despejo de lixo doméstico – mais recentemente, para instalação de torres de telefonia móvel -, o antigo igarapé é quase morto, mas sai do estado letárgico quando as chuvas se precipitam sobre o canal, também comprometido por construções de muros do lado oposto da rodovia, na parte que demanda para o bairro do Curuçambá e o Distrito Industrial. As obras de construção da avenida Independência tiveram contribuição zero no problema, mas as obras que se seguiram nas adjacências…
Ano passado, na sequência do projeto de construção sem fim do BRT Metropolitano, uma equipe de técnicos do Núcleo de Gerenciamento de Transportes e da Secretaria de Transporte visitou o local e providenciou a limpeza da área, mas não viu o que dava na cara: construções diversas reduziram o canal a quase zero, empurrando o aguaceiro para as pistas de rolamento e o problema, para os condutores de veículos.
Observadores atentos apontam que o problema tem solução, desde que não se crie um comitê entre Estado e município para resolver. Comitês, como se sabe, geralmente são formados quando não se quer resolver um problema, ou, na versão nacional, representam grupo de trabalho composto por três pessoas ou entidades – ‘um ausente, um doente e um incompetente’ -, ou não versão norte-americana, ‘pessoas que precisam fazer alguma coisa para você pensar que estão fazendo alguma coisa’.
Papo Reto
- Em linha direta, o ex-vereador de Marituba e atual diretor de Fiscalização da Arcon Wildson Melo (foto) esclarece que seu encontro, durante passeio de lancha, com o empresário Ernandes Chaves, foi meramente casual e que a relação entre ambos não passa disso.
- Melo afirma ter pretensões políticas em Marituba nas eleições do ano que vem e se sente constrangido com a notícia da coluna, embora abra mão do uso do sagrado direito de resposta.
- A ser verdadeira a informação de que teria sido convidado pelo empresário para fotos, o ex-vereador caiu numa cilada, seja ou não Ernandes dono de um ou mais micro-ônibus, tenha ou não uma lancha para chamar de sua. Quem tem concessão da Arcon, tem.
- Mal sabe o diretor da Agência, mas comentários dão conta de que Ernandes anuncia que o grupo político ao qual Melo pertence, em Marituba – ele, Moisés Mendes, ex-marido da prefeita Patrícia Alencar, e Everaldo Aleixo, presidente da Câmara – será ‘financiado’ em 2024.
- É brabo o calote do Iasep na rede de hospitais em Belém. Apenas um ou dois estão com pagamento em dia. Outros comem o pão que o diabo amassou e seguem suspendendo atendimento aos segurados.
- Tem segurado tentando fazer uma endoscopia e não consegue. A lista de calote incluiu mais de seis hospitais, ou mais, embora as promessas de pagamento estejam up to date.
- O número de abortos provocados no Brasil em 2022 foi dos maiores desde o início da pesquisa, segundo o Ministério da Saúde, e demonstra um sério problema de saúde pública.
- Ano passado, com o controle da covid, as pessoas passaram a sair mais de casa e a se relacionar mais intensamente, fator que pode ter contribuído para o aumento da gravidez.
- Com mais de um milhão de procedimentos por ano, o aborto é o quinto maior causador de morte entre mulheres no País, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.