Salinópolis, costa Atlântica do Pará. Considerada paraíso de belezas por visitantes nacionais e estrangeiros, a cidade ganha obras de infraestrutura para incrementar o turismo, inclusive aeroporto, mas fecha as portas de entrada, com rodovia e estrada mal sinalizadas, esburacadas e sem segurança, além de fiscalização pesada e rigorosa/Fotos: Divulgação-Redes Sociais-Whatsapp.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

Se é verdade que os investimentos feitos na chamada Atlântica Salinópolis, ponto mais reluzente em feriados e datas festivas na costa do Pará, têm foco no incremento do turismo, alguém precisa abrir as portas para receber, segundo as boas regras de conduta – e preservar, uma vez que degradar implica perda de qualidade. Então, que turismo é esse, em que a via de acesso à praia está em estado mais que precário, enquanto a zona urbana reluz ante os olhos mais exigentes?  

Via das lombadas

A estrada estadual PA-124 possui quase uma centena de lombadas, buracos remendados de forma recorrente e asfalto desnivelado e trepidante, além de mal sinalizada.  A fiscalização da Polícia Militar, através dos seus tentáculos afins, beira o absurdo, provocando atrasos de viagens e engarrafamentos irritantes. É como se a preocupação primordial fosse como o Estado, não com o cidadão pacato em busca de lazer. No fundo, ao cidadão pacato e em busca de lazer caberia multar o Estado pela desídia com a segurança nas rodovias, invés de ser multado. O cidadão, nesse caso inédito, ganharia de lavagem do Estado. 

Direito à ‘pegadinha’

Só para ilustrar, saindo da PA-124, o motorista é obrigado a reduzir a velocidade para 60 km por conta do radar e às vezes, com “pegadinhas” – logo após a curva. Adiante espera-o, sedento e de peito estufado o Detran velho de guerra, imponente, autoritário e mal educado – mal educados não educam ninguém, nem no trânsito; multam. Na cidade, haja fiscalização e paciência, enquanto motocicletas trafegam na contramão e sem capacete, veículos até sem placas que o Detran, ‘de olho nos barões’, deixa passar sem o menor problema.

Bem-vindo à exploração

Já em Salinópolis, depois de vencer heroicamente lombadas e buracos em excesso, os visitantes, veranistas ou sejam o que for – supostos ‘barões’, como são reconhecidos por comerciantes, operadores e até mesmo por caseiros – recebem ‘as boas-vindas’ da exploração, tendo que gastar e gastar sem direito a reclamações. É a farra do preço abusivo.

Os preços dos combustíveis são cerca de 20% mais caros dos que os preços praticados em Belém, sem falar que a ausência do Procon, ‘elefante branco’ que detesta prateleiras e gôndolas, boxes de feiras e mercados, bares e restaurantes a exploração voa alto, irremediável e impiedosa, levando os incautos a pensar duas vezes antes de voltar.

Aeroporto em queda

O aeroporto, construído a três pancadas, mas cantado em verso e prosa no verão passado, parece que não decolou, com o perdão do trocadilho.  Pelo menos não se tem propaganda massificada em termos de turismo ou de acesso em face da péssima estrada. A coluna consultou o site de compras da voadora Azul e encontrou a opção de voo apenas para fevereiro, porque o número de voos é muito reduzido. Fim do projeto de viagem, nem mesmo no carnaval.

‘Ficou bonita, , mas’…

Enfim, a nova orla, inaugurada ontem, ficou bonita, , e a cidade continua charmosa, mas, dizer que aqueceu o turismo é propaganda enganosa, ao menos enquanto não melhorarem o tortuoso acesso rodoviário E entregá-lo com segurança ao tráfego de “barões” – ops, aos turistas, isto é, aos cidadãos que pagam os seus impostos sem reclamar.

O ataque da barulheira

A Prefeitura de Salinópolis e o governo do Estado deveram tomar providências imediatas sobre os aspectos do Código de posturas na área que abrange a nova orla, a famosa “Pracinha”. Nem bem foi inaugurado e entregue à população, o espaço, já vem sendo usado inadequadamente: veículos equipados com potentes sons automotivos incomodando Deus e o mundo, muito por falta de… fiscalização.

Regras urbanísticas não devem desprezadas. O governo do Estado edificou quiosques padronizados dando aos ambulantes o direito a trabalhar, desde que dentro de regras, mas isso só será possível com o direcionamento e controle do poder público. Habilitem-se, pois.