Moradores de Cotijuba participaram ativamente das ações de socorro às vítimas do ‘naufrágio consentido’ pelas autoridades, mas reclamam do descaso do poder público com a ilha. Vídeos que inundaram as redes sociais

Água molhe em pedra dura tanto bate até que a água acaba. É assim no Pará. Essa tragédia, com mortos e cadáveres sendo despejados na Ilha de Cotijuba, na região de Caratateua, em Icoaraci, é mais um desses casos de negligência da autoridade pública com o transporte fluvial – e com a Ilha de Cotijuba, para não ficar barato. Aconteceria mais cedo ou mais tarde e traz à tona a relação de promiscuidade que envolve a Arcon, Agência vinculada ao governo do Estado, algumas empresas que respondem pelo transporte de passageiros no trecho Marajó-Belém – e mais que isso: a negligência na fiscalização e o viés político da Arcon.

Mortos e feridos

Na tragédia, 14corpos de vítimas foram encontrados – dez idosos e seis crianças. A embarcação chamava-se “Clícia X”, clandestina, cuja operação era de pleno conhecimento da Arcon. Segundo informações da TV Liberal, a Agência teria comunicado a irregularidade à Capitania dos Portos do Pará e Amapá. Lavou as mãos, por assim dizer, passando aos militares a obrigação de se explicar ao distinto público. Ou tentar.  

Arcon foi avisada…

A verdade é uma só: em 2020, a Prefeitura de Belém fez levantamento e identificou todos os portos clandestinos que operam na orla da capital e notificou a Arcon, com pedido de providências. Então, a rigor, como se trata de transporte intermunicipal, quem tem que se explicar é a Arcon e não a Marinha. O resto é confeitaria e conversa para boi dormir.

… E deixou o barco passar

Em Cotijuba, a manhã nervosa e funesta mobilizou a comunidade: pequenas embarcações conseguiram resgatar sobreviventes, ao passo em que moradores tentavam reanimar náufragos e recolhiam corpos, até a chegada dos Bombeiros à Praia do Amor. Enquanto sobreviventes relatavam momentos de desespero (vídeo abaixo), comunitários reanimavam vítimas da tragédia. A embarcação “Clícia X” afundou com cerca de 70 passageiros às proximidades de Cotijuba, vinda de Cachoeira do Arari, depois de atracar no Porto de Camará, nas barbas da fiscalização da Arcon, e se dirigir a um porto clandestino em Belém. Ontem mesmo, o comando da Segurança Pública tentou fechar a porta arrombada, promovendo megaoperação em Cotijuba envolvendo Polícia Civil, Polícia Militar, Marinha, Bombeiros, Graesp e Grupamento Fluvial.

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PM ‘parte para cima’ em
manifestação e gera
protesto de passageiros

A paralisação dos rodoviários, durante a manhã de hoje, na Região Metropolitana de Belém, rendeu o esperado: passageiros fora de si, trânsito além do caos do dia a dia e violência. Uma das cenas foi protagonizada por policiais militares, na tentativa de manietar uma pessoa não identificada.

Barrados no baile

Os rodoviários alegam que a categoria foi ‘enganada” no acordo firmado com os patrões na Justiça do Trabalho, pelo qual receberiam reajuste salarial de 12%, 5% a partir de 1° maio e os restantes 7% com desonerações. O transporte saiu das ruas, mas, para chegar ao objetivo final, a categoria fez o que o morador da Grande Belém mais detesta: atrapalhou o trânsito, que por si só já é uma trabalhada diária.

Sobrou para o sofrido morador da grande Belém, como de hábito.

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