Portarias publicadas pelo Diário Oficial da União de ontem assinadas pelo Secretário-Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes exonera, a partir de 18 de março deste ano, Amaurivaldo Cardoso Barra e Chrystian Cruz Vilhena do comando da Secretaria Nacional de Pesca no Pará. O que poderia parecer – mas não é – um ato corriqueiro na administração pública representa, na verdade, uma bomba na franjinha do deputado federal Eder Mauro: Amaury da Pesca é irmão do parlamentar e Chrystian Cruz Vilhena, braço direito de Amaury, ambos enredados pela “Operação Tarrafa”, desencadeada Polícia Federal para combater fraudes no seguro-defeso.
Há divergências de informações envolvendo Amaury da Pesca na operação. Algumas dão conta de que sequer se encontrava em Belém naquele dia, mas é certo que ele e diversas pessoas a ele ligadas foram alvo da PF. Alguns estão presos, mas os nomes são guardados – por razões desconhecidas – a sete chaves. Até ontem dado como “sumido” da sede da Superintendência, à avenida Almirante Barroso, ninguém sabe de Amaury, havendo, inclusive, quem o dê como preso. A única informação correta é de que “saiu de circulação”.
Operação: abordagens e
prisões em condomínios em Belém
O relógio marcava 5 da manhã, sexta-feira 18, quando a PF tomou o prédio da Superintendência da Pesca no Pará, passando a lacrar e a recolher equipamentos, juntar papéis e proibir os seguranças de avisarem seus superiores da operação. “À medida que chegávamos”, relatam servidores, “tínhamos nossos celulares recolhidos para investigação”. Dois funcionários foram presos imediatamente e o prédio, lacrado.
Enquanto isso, o superintendente Amaurivaldo Cardoso Barra, o “Amauri da Pesca”, nome que adotou na pré-campanha a deputado estadual, era abordado e preso por agentes da Federal em sua residência em um condomínio próximo localizado à avenida Augusto Montenegro. Por sua vez, Chrystian Cruz Vilhena, o n⁰ 2 da Superintendência, também era abordado e preso em sua residência em um condomínio de classe média em Ananindeua.
Ex-superintendente do
Mapa também estaria preso
No município de Igarapé-Miri, entre outras abordagens, a PF prendeu o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Pará Clésio Santana, presidente de uma associação “inchada de falsos pescadores na região do Tocantins”, segundo fonte da própria entidade, acusado de envolvimento no esquema de fraudes no seguro-defeso. Irmão do conhecido “Chico da Pesca”, envolvido até os cabelos em operação anterior no mesmo seguro-defeso, Clésio Santana, quando superintendente do Mapa, nomeou Juliane Arnoud interina na Coordenação da Pesca do Pará. Há quem garanta que a chegada de Juliane, mesmo com histórico de problemas psiquiátricos, à chefia do Cadastro Nacional de Pescadores, foi uma articulação política de Clésio, ligado ao PP e ao ex-prefeito de Marabá João Salame, encampada pelo deputado Éder Mauro, irmão de Amauri da Pesca.