Apesar do aperto monetário que os EUA, principal importador de madeira do Estado do Pará, está passando, através do aumento da taxa de juros, para combater a inflação, dados econômicos sugerem que o consumo permanece elevado no País/Fotos: Divulgação.

Pisos, decks, tacos e frisos foram os principais produtos exportados no período. Estados Unidos, mais uma vez, foram o principal destino da madeira paraense

As exportações de madeira pelo Pará fecharam o primeiro trimestre do ano com forte queda em relação ao mesmo período do ano passado. No total, a venda internacional de madeira movimentou cerca de US$ 57,3 milhões de janeiro a março, um recuo de 47%, apesar do aumento de 2% na quantidade exportada, somando mais de 65,7 mil toneladas de produtos exportados. 

De acordo com o balanço produzido pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), a instabilidade na economia mundial contribuiu para esse cenário. O preço da madeira também amargou forte retração e fechou março com uma média de US$ 804 por tonelada, o que representou uma queda de 35,8% em relação ao mês anterior. 

Sinais de recuperação

Apesar desse forte recuo, alguns aspectos sinalizam para um cenário de melhora nos próximos meses. Pelo menos, é o que espera os exportadores paraenses de madeira. “Apesar do aperto monetário que os Estados Unidos, principal importador de madeira do Estado do Pará, está passando através do aumento da taxa de juros para combater a inflação, os dados econômicos sugerem que o consumo permanece elevado no mercado norte-americano. No mês de fevereiro, por exemplo, as vendas de moradias novas surpreenderam as previsões, ao crescer 1,1% em base anual, enquanto se esperava uma queda de 3,1%”, analisa Guilherme Carvalho, consultor técnico da Aimex. A lógica é que a venda de novas moradias nos Estados Unidos, principal mercado da madeira paraense no exterior, impulsione também a venda de novos mobiliários. 

Arrocho monetário

No entanto, o processo de aperto monetário pelos bancos centrais continua, para combater a escalada da inflação a nível mundial. Em março, o Banco Central Americano aumentou a taxa de juros em 0,25 pontos percentuais, e o Banco Central Europeu em 0,5 pontos percentuais, o que pode impactar negativamente o consumo e as atividades econômicas que demandam produtos e subprodutos de madeira. 

Negócios da China

Em contrapartida, bons ventos sopram dos países asiáticos. O reaquecimento da economia chinesa continuou ganhando tração no início deste ano, após a eliminação das restrições ao combate à Covid. A retomada da economia chinesa deve se apoiar na recuperação do consumo e na estabilização do mercado imobiliário, que se refletirá na demanda por madeira. 

Apesar de a China comprar madeira, principalmente, da Rússia e de países do Sudeste Asiático, este começa a ser um mercado promissor para a madeira paraense. As exportações do Pará aumentaram em 47% no valor e 28% na quantidade para a China, e 636% em valor e 65,8% em quantidade para Hong Kong. 

Em relação ao dólar, a moeda iniciou o mês de março cotado a R$ 5,2070 e chegou a avançar frente ao real, mas com os tumultos provocados no mercado, pela quebra de bancos nos Estados Unidos, e o noticiário envolvendo o novo arcabouço fiscal do Brasil, encerrou cotado R$ 5,08, uma queda de -2,4%.