Entusiasmo ante a possibilidade de extração de petróleo e gás na Bacia do rio Amazonas, com benefícios diretos à população marajoara, levou Federação a oferecer sete ‘pontos estruturantes’ ao governo do Estado, através do presidente eleito, Alex Carvalho e do atual vice, José Maria Mendonça/Fotos: Divulgação.

Dados do IBGE apontam Melgaço, com população abaixo de 200 mil habitantes, como a cidade com o menor Índice de Desenvolvimento Humano, além de Chaves, Bagre e Cachoeira do Piriá, que figuram entre as dez piores do País.

“Achamos imperativo a exploração de petróleo e gás na Costa do Pará. Por quê? Porque a gente ouve falar nas constantes descobertas no Suriname, na Guiana e na Colômbia, e a formação geológica é a mesma da nossa. Imaginamos sim, que vai ter petróleo, não sabemos a quantidade, mas que isso vai melhorar muito a situação econômica de nossas cidades ribeirinhas, no caso do Marajó”.

A afirmação entusiasmada do vice-presidente da Federação da Indústria do Pará, José Maria Mendonça, foi registrada durante a palestra da Petrobras “Projetos Exploratórios na Margem Equatorial e Transição Energética”, no último dia 1º, em Belém. A expectativa é de que a exploração de petróleo e gás nas bacias do Pará-Maranhão e Pará-Amapá seja iniciada ainda neste ano.

Investimentos de US$ 6 bi

De acordo com o presidente da Fiepa, Alex Carvalho, os investimentos previstos pela Petrobras na operação, entre 2023 e 2027, serão da ordem de US$ 6 bilhões. “É um projeto grandioso, desafiador, que precisa ter toda a sensibilidade e a clareza de se entender todas as questões ambientais, mas que temos a certeza e a plena convicção do preparo e da competência da companhia, e por isso estamos muito entusiasmados do projeto se tornar realidade”, disse Carvalho.

O presidente da Federação complementou sobre os benefícios sociais. “Estamos diante de uma grande transformação efetiva da realidade da vida de dezenas de milhares, ou centenas de milhares de paraenses. Digo isso quanto aos municípios que diretamente serão afetados pelo projeto e que por isso receberão royalties, e que serão capazes de produzir investimentos que vão trazer a real capacidade de melhoria de qualidade de vida”, aposta Carvalho.

Os dez piores índices

Para José Maria Mendonça, a expectativa é de ganho socioeconômico para a população marajoara, de cerca de 560 mil habitantes em 16 cidades. O início das atividades pode ser o começo de um novo ciclo para a região, que mantém, segundo dados do IBGE-Pnad 2020, Melgaço como a cidade com o menor IDH do Brasil, com população abaixo de 200 mil habitantes. Além dela, figuram ainda entre as dez piores Chaves (6º), Cachoeira do Piriá (7º) e Bagre (8º).

Estado rico, povo pobre

A Federação esteve junto ao governo estadual na tentativa de garantir a infraestrutura necessária ao projeto da Petrobras. “Na última reunião com o governador, nós apresentamos sete pontos fundamentais estruturantes que esperamos que o Pará faça para sair dessa situação desagradável de ‘Estado rico, sociedade pobre, muito pobre’, destacou. Mendonça aposta na mudança socioeconômica de cidades do Marajó, como, segundo ele, ocorreu nas cidades de Rio das Ostras, Macaé e Campos, no Rio de Janeiro, beneficiadas pelos investimentos da Petrobras.

Questões ambientais

Prestes a iniciar a operação dentro do projeto da Margem Equatorial, a Petrobras terá o desafio de atuar no Marajó, que reúne questões ambientais sensíveis com o envolvimento de povos ribeirinhos. Assim como a Foz do Amazonas, que receberá a atuação da companhia, o Pará carrega a experiência de abrigar grandes projetos, alguns polêmicos, como a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, situada na cidade de Vitória do Xingu, que muito impactou a região sudoeste paraense.