Na foto acima, o prefeito de Belém conduz a imagem da Santa usando o boné da Guarda de Nazaré; no vídeo, o momento em que o coordenador do Círio tira o boné usado por Edmilson Rodrigues/Fotos: Divulgação-Redes Sociais-Whatsapp.

No festival de hipocrisias que se instalou em Belém nestes tempos de Círio de Nazaré por conta de visitas e visitantes, não passou despercebida a atitude do coordenador do evento, Antônio Salame, sábado, na chegada da Romaria Fluvial, na Escadinha do Porto, momento em que a imagem da Santa foi entregue a sua excelência o prefeito da cidade, Edmilson Rodrigues.

Despido de chapéu

Habituado ao melodrama, como se viu em vídeo do prefeito ao condenar o ‘uso político do Círio’ na véspera da procissão, Edmilson recebeu a imagem vestido como romeiro, não como prefeito, inclusive usando um boné de determinado candidato à Presidência da República, o que o coordenador do Círio, Antônio Salame, considerou um desrespeito à Santa e ao rito. E eis que, sem a menor cerimônia, enquanto sua excelência o prefeito caminhava com a imagem, Salame veio por trás e o despiu do boné político, substituindo-o por outro, azul, usado pela Guarda da Santa. Como se vê, o uso político do Círio tem várias nuances.

Procissão de fé

Só os tolos não se lembram de Círios passados, personagens e personalidades que o usaram para o bem ou para o mal. Nessas romarias já desfilaram os então presidentes João Batista Figueiredo, José Sarney e Michel Temer, sem falar em ministros de Estado e políticos, todos com a mesma boa intenção, alguns até com aparente fé.    

‘O próprio prefeito, em recente evento político em Belém, ‘desapropriou’ o Círio dos católicos e o distribuiu ao seu bel prazer, provocando reações da arquidiocese e da população, pelo que, passada a ressaca moral, tratou de se redimir, sem conseguir apagar o malfeito do proselitismo.

Imagem arrebatada

Também em Círio recente, ninguém menos do que o governador Helder Barbalho, que, como o alcaide oficial, andou se queixando de presenças estranhas à festa religiosa semana passada, se apoderou da imagem da virgem, tirando-a das mães do arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, em um gesto que mereceu vaias e lamentações e, felizmente, por força das circunstâncias, não se repetiu neste ano.

Assim: atire a primeira pedra quem nunca tirou uma ‘casquinha’ do Círio…