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Corregedoria da Polícia Civil do Pará engaveta procedimentos e faz crime parecer normal

Dia 24 de setembro, de 2021, 8 horas

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A citação atribuída a Hamlet – “há algo de podre no reino da Dinamarca” – se encaixa como luva na Corregedoria da Polícia Civil do Pará, que, vergonhosamente, se especializou na arte de engavetar procedimentos investigatórios para envernizar como ilibadas algumas figuras que, pela conduta indigna, conquistaram lugar de destaque no lado oposto da lei. Não à toa, policiais de boa conduta que observam a cena arriscam o mesmo palpite: a Corregepol, a Corregedoria da Polícia Civil, deveria suspender todas as instaurações de procedimentos contra os demais servidores, uma vez que não investiga, por orientação sabe-se lá de quem, os maiores escândalos já registrados na sua longa história.

Réu confesso

Para se ter ideia, a Corregedoria de Polícia Civil ainda não instaurou nenhum procedimento investigatório para apurar as condutas do ex-delegado-geral e Alberto Teixeira (foto), que ficou famoso pelo caso “Álcool em Gel” em plena pandemia de Covid-19. A ficha corrida desse delegado, porém, é bem mais extensa e tem raízes em Marabá, sudeste do Estado, onde foi denunciado pelo Ministério Público, em 2019, juntamente com o então prefeito João Salame, por se apropriar, indevidamente, de mais de R$ 200 mil enquanto acumulava irregularmente remunerações pagas pelo governo do Estado e a prefeitura do município. Nesse processo, aliás, Alberto Teixeira é réu confesso.

Livre, leve e solto

Há mais, muito mais na vida pregressa de Alberto Teixeira, inclusive a nomeação de um delegado preso pela Polícia Federal e demitido da Polícia Civil por corrupção e associação criminosa de jogo de azar em 2013, após sofrer processo administrativo disciplinar. Foi caso típico de improbidade administrativa, assim como a omissão da Corregedoria da Polícia. Ambas as condutas são passíveis de perda do cargo e função pública, mas Alberto Teixeira segue livre, leve e solto, com direito de exercer cargos no governo do Pará.

Crime extinto?

Atribui-se ao ex-chefe da Casa Civil do Pará Parsifal Pontes o “passe livre” concedido a Alberto Teixeira no governo do Estado. Eles são cunhados. Parsifal foi preso pela Polícia Federal por conta das falcatruas envolvendo verbas federais destinadas ao combate à Covid-19. E a Iran Lima, que teve o mandato de deputado cassado por improbidade administrativa e é o atual chefe da Casa Civil. Nesse “panteão” passeia Alberto Teixeira, que, por obra e graça de Iran Lima viu tornada sem efeito a nomeação daquele policial preso pela PF e exonerado da Polícia Civil por corrupção, como se o crime fosse extinto.