Presidente da Assembleia Legislativa, deputado Chicão Melo admite suspensão da sessão de hoje diante da montanha de pedidos de licença de parlamentares a menos de uma semana da eleição. A eleição milionária deste ano exige esforço redobrado junto ao eleitor para compensar a falta de recursos por quem não foi tão bem aquinhoado pelo Fundo Eleitoral/Fotos: Divulgação.

Acordo entre os deputados estaduais do Pará suspendeu a sessão ordinária de hoje na Assembleia Legislativa para que os parlamentares possam correr atrás do voto na semana que antecede as eleições do dia 2 de outubro. Vale lembrar que, desde a pandemia da Covid-19, as sessões já haviam sido reduzidas de duas para uma por semana, mantidas sempre às terças-feiras.

A decisão também levou em conta a quantidade de pedidos de licença de deputados que repousam sobre a mesa do presidente Chicão Melo, todos com uma justificativa diferente, mas sempre apontando ausência na sessão desta terça, o que previa claramente a falta quórum caso a reunião fosse mantida. O despacho da presidência da Casa deixa claro, no entanto, que o dia parado será descontado no salário.

Campanhas milionárias

Sem querer entrar no mérito da questão, a verdade é que, de modo geral, parlamentares paraenses, sendo candidatos à reeleição ou à Câmara Federal, estão sob intensa pressão para manter suas respectivas cadeiras ou para tomar assento no Congresso Nacional. Nem é para menos: tem muito dinheiro irrigando candidaturas nestas eleições – falando de dinheiro legal, obviamente, para evitar má leitura.

Basicamente, a fonte financiadora é o infame Fundo Eleitoral, que tem chamado atenção no Pará pelo suposto direcionamento de recursos, conforme denunciado pela coluna ao longo deste mês, com base em informações de candidatos ditos prejudicados.

Os ‘eleitos’, bem entendido

Para se ter ideia do disparate, no Psol, por exemplo, há candidatos, como a professora Letícia, coordenadora licenciada do Sintepp e que virou adversária da gestão municipal, recebeu míseros R$ 10 mil.  No PL, as queixas também são grandes: a mulher do candidato ao governo, senador Zequinha Marinho, Júlia Marinho, candidata à Câmara, recebeu R$ 1 milhão e o filho do deputado Eder Mauro, Rogério Barra, outra dinheirama, enquanto outros concorrentes do partido levaram nada.

No PSDB, a candidata de primeira viagem à Câmara Federal, Lena Pinto, mulher do deputado federal Nilson Pinto, levou mais de R$ 2 milhões que, somados com mais R$ 3 milhões do próprio marido, que decidiu se candidatar mais para ajudar a mulher do que para se manter no cargo, garantem ao casal mais de R$ 5 milhões para gastar na eleição. Sem falar que, em Castanhal, o candidato à reeleição, Hélio Leite, recebeu R$ 3 milhões e o candidato de primeira viagem do partido dele, Flávio Augusto, R$ 1 milhão. Enfim, para quem não tem esse gás todo na Assembleia Legislativa do Pará, é como tentar ‘aprisionar o vento’…