A reforma da Escola Municipal Ida Oliveira, no bairro Maracangalha, em Belém, nunca termina. As aulas das turmas da manhã e da tarde foram suspensas e as turmas noturnas estão em regime de revezamento para evitar o aumento da evasão escolar. A maioria dos alunos do turno da noite é composta de adultos, muitos em idade avançada e com problemas de saúde. O ambiente escolar está totalmente insalubre para o desenvolvimento das atividades.
Segundo a diarista D.M., mãe de três crianças e aluna do noturno, a “situação da escola está insuportável. Parte do foi acumulada nos corredores e a secretaria acabou reduzida a uma mesa. Não bastasse, as salas de aula não têm ventiladores, o ambiente é quente e com muita poeira, o que vem forçando alguns professores a ministrarem aulas no refeitório, onde também há peças do mobiliário da escola.
A hora da fome
Com praticamente tudo inoperante na unidade de ensino, não espanta o fato de que a merenda escolar servida aos alunos é precária, às vezes, “mingau sem graça e suco de péssima qualidade, com bolacha”, conta D.M. O relato é confirmado pela estudante e dona de casa K.M., também mãe de três filhos: “Não temos a quem reclamar, pois o diretor da escola sumiu”.
O Sintepp Belém afirma ter conhecimento da situação na escola Ida Oliveira e promete acionar todos os mecanismos de fiscalização para denunciar os fatos, não somente nessa escola, mas em toda a rede municipal de ensino onde a situação se repete. “As tentativas de negociação com a Secretaria de Educação para resolver esses e outros problemas estruturais das escolas da rede municipal de Belém não avançam”, segundo a direção do sindicato.
Lista conta 50 escolas
Além do Sintepp Belém, o Conselho da Merenda Escolar tem recebido denúncias sobre a situação da merenda nas escolas e nas unidades de educação infantil em Belém, que incluem, principalmente, atraso na distribuição dos produtos, o que penaliza as crianças, a maioria em vulnerabilidade social. Na Escola Edson Luiz, bairro do Guamá, professores e funcionários têm feito coleta para comprar arroz.
O sindicato está fazendo levantamento minucioso da situação para apresentar ao Ministério Público e também planeja oferecer denúncia à representação do Unicef. A lista parcial inclui mais de 50 escolas na mesma situação em Belém.