É lamentável, mas inegável: alguns agentes e instituições públicas do Pará parece que, definitivamente, perderam a noção do bom sendo, o que remete à celebre e sábia sentença atribuída a Stanislaw Ponte Preta: “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!”
Na última sexta-feira, não bastassem outros exemplos gritantes, mas aparentemente inimputáveis de falta de decoro no trato da coisa pública, a Delegacia de Meio Ambiente da Polícia Civil do Pará promoveu um evento em final de expediente que câmeras de telefones celulares indiscretas não deixaram escapar: policiais em uma das salas da delegacia em animado happy hour à base de música e cerveja Heineken, a bebida que, em Belém, atende mais pelo desejo do consumidor de se exibir em selfies do que pelo prazer de saborear o malte. Puro malte.
Mercado cervejeiro
A Heineken foi introduzida no Brasil durante o boom de impostação que o então presidente Fernando Collor autorizou a partir da observação de que os veículos que rodavam no País equivaliam a carroças. Veio à tiracolo da Budweiser e outros produtos de consumo rápido, mas a preço de dólar. Não pegou bem em uma época em que a Cerpinha paraense dominava o mercado e os enlatados eram escassos no segmento. Hoje, a Heineken é comercializada como cerveja popular, engarrafa em Benevides, nas instalações construídas pelo Itaipava, mas custa caro em relação às demais. Aparece em dez de cada dez selfies que costumam circular nas redes sociais. É um objeto fotográfico, ajuda na composição do cenário, pega bem e parece dar status.
Nem primeiro, nem último
Que seja, mas isso não autoriza seu consumo – ou de qualquer outra bebida alcoólica – em repartição pública por agentes públicos em serviço nem aqui, nem na Cochinchina. A farra foi registrada, por óbvio, por um dos policiais presentes que, bastou se afastar do grupo, disparou o tiro no pé de cada um dos companheiros. Mas, como se sabe, esse não é o primeiro e provavelmente não será o último caso de desvios da moral e desrespeito ao serviço público em Belém: há outros, inclusive recentes, tanto ou mais escabrosos que seguem impunes até agora.
P. S: manda a prudência que, em terra onde o jornalista que faz a denúncia hoje tem como certa, amanhã, a visita de um oficial de Justiça, a coluna está aberta a eventuais esclarecimentos.
Papo Reto
- A maioria das empresas de transporte fluvial, seja no Marajó, Tocantins ou Barcarena, está com preços de passagens engessada anos há mas, como na história do guizo no rabo de gato, não aparece um rato para encarar o governo do Estado e expor o problema, que está sucateando as embarcações.
- O Ministério Público Eleitoral pediu a impugnação da candidatura do deputado estadual Eraldo Pimenta (foto).
- Motivo: no cargo de prefeito de Uruará, Pimenta deixou de executar integralmente termo de compromisso firmado o Incra para a complementação e recuperação de 142,8 km de estradas vicinais de acesso e internas assentamentos.
- Moradores do bairro Condor, em Belém, pedem socorro para o posto de saúde da rua Tembés, onde falta de tudo, até curativos.
- O Processo Judicial Eletrônico está acabando com os advogados autônomos, sobretudo do interior, que precisam dominar a informática e investir em equipamentos.
- O TSE negou o pedido para tirar do ar postagens que relacionam Lula à facção criminosa PCC. A decisão da ministra Maria Claudia Bucchianeri alinhou-se ao entendimento do Ministério Público Eleitoral.
- Por sua vez, os técnicos do TSE contestaram a prestação de contas de Lula e Haddad em 2018, indicando irregularidades na contratação de alguns fornecedores, que podem inserir a rejeição das contas pelo tribunal.
- A seca segue expondo tesouros arqueológicos e navios da Segunda Guerra na Europa.
- Um deles é o círculo de pedras pré-histórico chamado de Stonehenge espanhol e, desde 1963, quando a área foi inundada, só ficou completamente visível em quatro ocasiões.