O caos ronda o sistema de transporte público intermunicipal no Pará em todos os segmentos. Com a inatividade do Conselho Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos, o Conerc – responsável, entre outras atribuições, pela análise e validação das tarifas -, batendo a casa dos dois anos, os valores de passagens praticados pelos operadores continuam referenciados nos níveis de 2017, com um detalhe: desde lá, os combustíveis aumentaram de preço 70%, sem contar, claro, reajustes salariais e custos de manutenção de frota. Eis, portanto, uma equação de difícil solução: população empobrecida ou desempregada e sem poder de compra; tarifas defasadas dos operadores e a impossibilidade de receber incentivos fiscais.
A corda aperta no pescoço de um punhado de donos de ônibus, vans, barcos, balsas e lanchas ultrapassados que, silenciosamente, “tiram leite de pedra”, mas já se encontram sem forças para reagir. “Depois de mais de 20 anos no sistema, nunca vivi uma situação tão dramática” – desabafa um operador ouvido pela coluna. “Tudo que desejo, hoje, é vender minha empresa para fugir desse inferno” – conclui.
Paralisados pelo medo
E o que faz a Arcon? Nada. É que, apesar do caos, persiste um silêncio sepulcral por parte de operadores, que temem ser varridos do sistema, quer dizer, “se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”.
É o que dá viver de “tapinha nas costas”.
Carretas dominam espaço
público e fica por isso mesmo
A avenida Bernardo Sayão, trecho duplicada entre o portão da UFPA e a José Bonifácio, definitivamente não possui mais duas faixas em cada uma das pistas. É que metade de uma das pistas pista virou estacionamento de caminhões e carretas. A irregularidade é tão descarada que já há quem deixe as carrocerias na pista sem o “cavalo”, parte motorizada que puxa o compartimento de carga. Não há fiscalização. Paga o pato quem usa a via, sobretudo pela manhã, quando o trânsito entra em “transe”. É a cara de Belém do avesso.