A ideia de construção do Porto do Espadar, em Curuçá, lado nordeste do Pará, ganhou nova configuração e está mais atual e com menor interferência nas reservas ambientais na região. Segundo o professor Ito Braga, da UFPA, a nova proposta contém o moderno conceito de green port autossustentável e usa das melhores tecnologias de operação. O projeto do porto já foi protocolado na Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários para obtenção da Declaração de Adequação, que deve sair até o final deste mês. Com isso, os investidores já podem aportar recursos para os estudos ambientais e projeto executivo para submissão à Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
Segundo o professor Ito Braga, quanto aos investidores, já existem dois grupos muito fortes interessados em financiar toda a obra, mas nada está oficializado. O Porto do Espadar prevê atender a movimentação de grãos, minério, contêineres e combustíveis em um conceito de porto concentrador de cargas com logística para o Brasil e para o mundo, mas segue dividindo opiniões entre especialistas, ambientalistas e classes empresariais.
Classes empresariais aplaudem
nova iniciativa: “ é espetacular”
O presidente da Associação Comercial do Pará, por exemplo, Clóvis Carneiro, considera o novo projeto de porto “espetacular”. Trata-se, segundo ele, de um porto off-shore – não fica em terra, fica ao largo na costa do Pará -, ou seja, não fica na Ponta da Tijoca, como o projeto original da Vale. Para Clóvis, a simples descrição do projeto ou sua vídeomaquete já são grandes notícias. Para Clóvis, “os ambientalistas vão criar algum caso (sempre criam), especialmente com as barcaças de transporte interno que bordejarão a margem norte da Baía do Marajó, passando pela parte aquática da Reserva Extrativista de Soure e com certa proximidade das reservas Mãe Grande Curuçá e Mestre Lucindo”.
Expectativa do Estado fica
para o interesse dos investidores
No âmbito do governo, o secretário de Desenvolvimento Econômico, José Raimundo Gomes Júnior, avalia que o governo sempre dará apoio a todos os projetos que viabilizem infraestrutura para o Estado, pois são garantia de desenvolvimento, emprego e renda para a população. Instado sobre a expectativa do governo com relação ao projeto do professor Ito Braga, José Fernando sintetiza: “A melhor posição sobre cronograma vai depender dos investidores”. Na outra ponta, sem mencionar especialistas que simplesmente não acreditam no projeto, José Carlos Lima, do PV, avalia que a contrapartida do Porto do Espadarte poderia ser em apoio às comunidades que atuam nas reservas extrativas.