Seja ou não mantido no governo, o delegado federal Rômulo Rodovalho fecha o ano sem resultados positivos na saúde pública do Pará, contabilizando inclusive derrotas fragorosas no controle das organizações sociais responsáveis pela gestão de hospitais públicos, que não prestam contas nem do recebem, nem do que fazem/Agência Pará.

A se confirmar a informação de que o delegado federal Rômulo Rodovalho retornará à sua instituição de origem, a Polícia Federal, a Secretaria de Saúde do Estado terá fechado um ciclo de trabalho cujos resultados, na perspectiva de um agente federal, deverão ser considerados pífios, ao menos com relação à atuação de organizações sociais contratadas pelo governo para administrar hospitais públicos no Pará. O caso mais emblemático é o Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci, um poço sem fundo de problemas, que saiu das mãos da OS Santa Casa Pacaembu para a OS Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia e entra o ano ainda sob a batuta da OS Instituto Mais Saúde. Essas duas últimas OS – a PF sabe -, reservam um traço em comum: operam com agentes vinculados à Santa Casa Pacaembu, aquela dos desvios de quase meio bilhão de verbas da saúde no Estado.

Hoje, menos de uma semana do término do “contrato-tampão” – três meses – firmado entre o governo do Pará e a Mais Saúde para substituir a OS Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia, técnicos da Secretaria de Saúde só conseguem obter informações sobre a situação do Hospital Abelardo Santos através de funcionários insatisfeitos: da direção da OS não sai nada, nem extraoficialmente. Quer dizer, a organização consegue sonegar informações a uma secretaria dirigida por um delegado federal e através da qual recebe vultosas somas em dinheiro como se estivesse tratando com um agente de portaria.

Descontrole apontado pelo
TCE virou marca registrada

Meses atrás, ao aprovar as contas do governo, o TCE recomendou providências sobre o que considerou “descontrole” na aplicação de recursos públicos e execução de obras pela máquina estatal. O caso do Abelardo Santos se encaixa nesse item: a OS que administra o hospital recebe regularmente por contrato milionário, oferece serviços de qualidade duvidosa e representa risco à saúde pública com o meu, o seu, o nosso dinheirinho. Acaso a Sespa sabe da paciente que se submeteu a cirurgia para extirpar um mioma e “foi cortada” do lado errado? Da criança que veio ao mundo antes da virada do ano através de cesariana e perdeu uma orelha durante o procedimento? Que os ventiladores da Fisioterapia do hospital são operados por técnicos de enfermagem e enfermeiros “orientados” por fisioterapeutas que não trabalham durante a noite? Não sabe.

Cansaço impõe mordaça
e tudo segue como dantes

Não é exagero dizer que parte da população do Pará se encontra “anestesiada” e perdeu o amor próprio e a dignidade e o sentimento do direito de exigir. Como aquele pingo d’água renitente e incômodo que trombeteia no telhado até que os ouvidos se acostumam, o povo cansou. Assim, tanto faz que o Hospital Abelardo Santos tenha virado um balcão de negócios; que agentes antes pendurados na tipoia da OS Santa Casa Pacaembu continuem

explorando serviços no hospital com empresas terceirizadas, através da B&A de Paulo Britz, preso pela PF, e que outras empresas se estabeleçam e prosperem às custas de recursos públicos, como a empresa Luma, já devidamente plantada no Hospital Galileu. Não se espantem. A Mais Saúde, queira ou não o delegado federal, vai continuar no jogo.