Demorou, mas a ficha caiu. Com o populismo em níveis nunca antes vistos em ano eleitoral, batendo chapa com o proselitismo e se misturando à farta distribuição de favores, benesses, bondades e o que os valha – assim: tudo junto e misturado -, o anúncio de apoio da Prefeitura de Belém à Marcha para Jesus, dia 25 agora, causou surpresa não pelo fato em si – mas também por isso – , mas por conta do homem que levou o convite ao chefe do Executivo – com direito a fotos nas redes sociais -, um religioso que nem os mais crédulos costumam ver na linha de frente da missão religiosa, o reverendo Daniel Rocha, presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil.

Em sua edição número 23, a Marcha para Jesus é considerada a segunda maior do Brasil e a maior da Região Norte, reunindo as denominações e ministérios evangélicos de Belém. Nada estranho que, como prefeito de direito, tendo acima apenas o prefeito de fato, Helder Barbalho, Edmilson Rodrigues agora se incline para emprestar apoio a um evento do qual jamais se aproximou ou, se o fez, poucos tomaram conhecimento. A distância entre o prefeito e os evangélicos é bem maior do que imagina nossa vã observação, mas, como se sabe, ano eleitoral opera milagres de deixar muita gente de cabelo em pé.

O reverendo da deputada

E o reverendo Daniel Rocha, afinal, quem é? Aparentemente um ilustre desconhecido entre grande parte dos evangélicos em Belém e no interior, o religioso tem ligações na Assembleia Legislativa. “Estar sendo recebido pelo prefeito é algo marcante, é histórico”, “gerundiou” o pastor após o convite, passando a anunciar o tema da Marcha – “Todas as tribos, todas as raças e todas as vozes”. Faz sentido.

A quem interessar possa, segundo apurou a coluna: o reverendo Daniel Rocha é, na verdade, assessor da deputada Marinor Brito, por quem foi indicado para ocupar uma diretoria do Pronto-Socorro do Guamá.